ATA DA SEPTUAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM
11-9-2003.
Aos onze dias do mês de setembro de dois
mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi
efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch,
Clênia Maranhão, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio
Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Renato
Guimarães, Wilton Araújo e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Aldacir Oliboni, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Darci Campani, Dr.
Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo
Danéris, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo
e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto
Moesch, os Projetos de Lei do Legislativo nos 352 e 353/03 (Processos nos 4589
e 4590/03, respectivamente); pelo Vereador Darci Campani, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 357/03 (Processo nº 4686/03); pelo Vereador Haroldo de Souza, os
Pedidos de Providências nos 1401 a 1443, 1445 a 1447, 1459 a 1493, 1503 a
1524/03 (Processos nos 4447, 4450, 4452 a 4455, 4457 a 4461, 4463, 4464, 4466 a
4493, 4508, 4509, 4517, 4518, 4520, 4538 a 4543, 4545 a 4547, 4549 a 4574, 4611
a 4632/03, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 341/03
(Processo nº 4422/03); pelos Vereadores João Bosco Vaz e Pedro Américo Leal, a
Emenda nº 01 ao Projeto de Resolução nº 082/03 (Processo nº 4413/03); pelo
Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 1454 a 1457, 1495 a
1502/03 (Processos nos 4532, 4534 a 4536, 4596 a 4603/03, respectivamente);
pela Vereadora Maristela Maffei, o Projeto de Resolução nº 081/03 (Processo nº
4406/03); pelo Vereador Sebastião Melo, os Pedidos de Providências nos 1453 e
1458/03 (Processos nos 4530 e 4537/03, respectivamente). Também, foi apregoado
o Ofício nº 513/03, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando
o Projeto de Lei do Executivo nº 040/03 (Processo nº 4719/02), e foram
apregoados Requerimentos de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, deferidos
pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento dos Projetos de Lei do
Legislativo nos 245, 246 e 247/01 (Processos nos 3639, 3640 e 3641/01,
respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 105/03, do Senhor Luís
Henrique Martins dos Anjos, Procurador-Regional da União em Porto Alegre;
121/03, da Senhora Benedita Souza da Silva, Ministra da Assistência Social;
10473026, 10473130 e 10473958/03, do Senhor Reginaldo Muniz Barreto,
Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, o
Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Sérgio
Bueno do Amaral, representante da ONG Solidariedade, que registrou a
realização, hoje, às dezenove horas, no Plenário Aloísio Filho, do 2° Encontro sobre
Participação Popular, para debate e reavaliação do Programa de Orçamento
Participativo vigente em Porto Alegre, destacando a importância da participação
da comunidade e desta Casa Legislativa na busca das melhores opções de
desenvolvimento para a Cidade. Em prosseguimento, nos termos do artigo 206 do
Regimento, os Vereadores Isaac Ainhorn, Haroldo de Souza, Clênia Maranhão,
Cláudio Sebenelo, Zé Valdir, Cassiá Carpes, Beto Moesch e Carlos Alberto Garcia
manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Também, o
Senhor Presidente registrou o transcurso, hoje, do aniversário do Senhor João
Cândido Pasquali da Rosa, Chefe de Serviço de Segurança e Vigilância deste
Legislativo. Às quatorze horas e quarenta e seis minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e sete
minutos, constatada a existência de quórum e, após, foi aprovado Requerimento
verbal do Vereador Beto Moesch, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da
presente Sessão, iniciando-se o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a
assinalar o transcurso do septuagésimo aniversário da Paróquia São Sebastião,
nos termos do Requerimento n° 004/03 (Processo n° 0020/03), de autoria do
Vereador Beto Moesch. Compuseram a Mesa: o Vereador João Antonio Dib,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Padre Leandro Miguel
Chiarello, Pároco da Igreja São Sebastião Mártir de Petrópolis; o Padre Pedro
Alberto Kunrath, Pároco da Paróquia Universitária São Lucas Evangelista; o Senhor
Dilécio Gambin, Presidente do Conselho Paroquial; o Senhor Eduardo Viana Pinto,
Presidente do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre; a
Vereadora Maria Celeste, 1ª Secretária deste Legislativo. Em GRANDE EXPEDIENTE,
o Vereador Beto Moesch historiou a criação da Paróquia São Sebastião, afirmando
que a atuação dessa Entidade foi embasada em um forte espírito comunitário e
propiciou a integração e o crescimento da comunidade do Bairro Petrópolis.
Nesse sentido, citou o trabalho realizado por Monsenhor Avelino Dalla Vécchia
na idealização e implantação da Rádio Aliança FM. A Vereadora Maria Celeste
procedeu a análises acerca do exemplo de vida representado pela figura de São
Sebastião e, lembrando os atentados terroristas ocorridos em onze de setembro
de dois mil e um, nos Estados Unidos da América, chamou a atenção para os
perigos do extremismo e para a necessidade da construção de uma sociedade
verdadeiramente marcada pelo respeito às diferentes posições políticas e
ideológicas e pela busca da paz entre os povos. O Vereador Ervino Besson
relatou experiência vivida na década de sessenta, de trabalho junto à
comunidade religiosa, comentando a importância das atividades realizadas pela
Paróquia São Sebastião, em especial por meio da Rádio Aliança FM que, sem fins
lucrativos, transmite uma mensagem cristã de amor e solidariedade e representa
um elo de ligação entre a Igreja Católica e a população porto-alegrense. O
Vereador João Carlos Nedel declarou que muito há para ser festejado, em relação
ao transcurso dos setenta anos de existência da Paróquia São Sebastião,
salientando a importância da atuação da Igreja Católica na busca da formação do
ser humano e da recuperação dos valores cristãos na sociedade atual. Nesse
sentido, registrou a instalação, na Casa, de Comissão Especial referente ao
consumo de drogas no Município. O Vereador Haroldo de Souza apontou a violência
como problema presente em todos os lugares do mundo, lamentando os atentados
terroristas ocorridos nos Estados Unidos no dia onze de setembro de dois mil e
um e citando caso recente de tentativa de homicídio praticado contra a Senhora
Anna Lindh, Ministra das Relações Exteriores da Suécia. Também, cumprimentou a
Paróquia São Sebastião pelo transcurso do septuagésimo aniversário, parabenizando
todos os seus representantes. Após, a Senhora Ada Helena Lucaora Pauli executou
a música "A Padroeira". A seguir, o Senhor Presidente concedeu a
palavra ao Padre Leandro Miguel Chiarello, que destacou a importância da
homenagem hoje prestada por esta Casa ao septuagésimo aniversário da Paróquia
São Sebastião. Às quinze horas e trinta e oito minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta minutos,
constatada a existência de quórum e, após, o Vereador Nereu D’Avila formulou
Questão de Ordem acerca das inscrições dos Senhores Vereadores no período do
Grande Expediente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Avila leu
matéria publicada na edição de hoje do jornal Correio do Povo, intitulada "Confronto
generalizado no Mercado", comentando embate ocorrido entre ambulantes,
Guardas Municipais e fiscais da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e
Comércio – SMIC – no Centro da Cidade, criticando a atuação, na ocasião, da
Brigada Militar e o não-armamento dos Guardas Municipais e destacando a
importância de que os fiscais da SMIC recebam treinamento adequado para
realizar operações de fiscalização. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Zé Valdir teceu
considerações sobre notícia publicada no jornal Zero Hora de hoje, intitulada
"Subsecretário de Cultura ganha vaga de servente", criticando setores
da imprensa pelo modo como foram divulgadas situações semelhantes ocorridas
durante a gestão do Senhor Olívio Dutra como Governador do Estado do Rio Grande
do Sul e propugnando pela adoção de medidas que garantam uma divulgação séria e
imparcial, por parte dos órgãos de comunicação, dos fatos políticos da Cidade e
do Estado. O Vereador Aldacir Oliboni lembrou a criação dos Alcoólicos
Anônimos, comemorada no dia cinco de setembro, discorrendo sobre a entidade e
noticiou reunião realizada entre o Governo Municipal de Porto Alegre e o
Governo Municipal de Viamão sobre a implementação do Brique do Parque
Saint’Hilaire, a partir do dia trinta de novembro do corrente. Também,
referiu-se às alterações institucionais previstas para o Grupo Hospitalar
Conceição - GHC. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo
reportou-se à sua participação em assembléia dos funcionários do Grupo
Hospitalar Conceição, apontando a insegurança desses em virtude da possível
transformação do grupo em autarquia. Também, discorreu acerca do serviço
público na área da saúde no país, realçando necessidades da população nesse
campo. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson atentou para o transtorno
causado a motoristas pelos guardadores de veículos nas ruas da Cidade,
denunciando abusos por eles cometidos e mencionando o medo das pessoas em
denunciá-los. Ainda, contestou a Empresa Pública de Transporte e Circulação -
EPTC, que cobra tarifas de estacionamento em áreas públicas no Município. O
Vereador Beto Moesch anunciou que será realizada amanhã, nesta Casa, reunião
entre a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, a Comissão de Finanças e Orçamento e
a Comissão de Constituição e Justiça, acerca da cobrança do uso do solo,
subsolo e espaço aéreo no Município de Porto Alegre. Em relação ao assunto,
discordou da não-divulgação do imposto sobre esses usos, das arrecadações
retroativas e do não-esclarecimento do destino das quantias apuradas. Na
ocasião, a Vereadora Maristela Maffei formulou Requerimento verbal, solicitando
que a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação integre a reunião que
será realizada amanhã, sobre a cobrança do uso do solo, do subsolo e do espaço
aéreo. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Alberto Garcia pronunciou-se sobre a
Comissão Especial que trata da questão da violência relativa à criança e ao
adolescente, suas atividades e seus objetivos, enfatizando reunião a ser
realizada na próxima semana, da qual participará o Conselho Municipal do
Direito da Criança e do Adolescente, o Fórum de Entidades e a Delegacia
Estadual da Criança e do Adolescente. O Vereador Renato Guimarães defendeu a
direção do Grupo Hospitalar Conceição, alegando que a mesma vem tomando medidas
positivas no sentido de melhorar a instituição e o serviço prestado à
comunidade e reprovou a maneira como Governos anteriores tratavam esse Grupo,
apontando a sua transformação em autarquia como caminho para aumentar a
qualificação da entidade, beneficiando a população e também seus funcionários.
Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 236, 238, 241, 254, 256, 257, 319 e 271/03, este discutido pelo
Vereador Darci Campani, o Projeto de Resolução nº 073/03, discutido pelo
Vereador Zé Valdir, o Projeto de Lei do Executivo nº 038/03; em 3ª Sessão, os
Projetos de Resolução nos 067/03, discutido pela Vereadora Margarete Moraes, e
071/03, discutido pelo Vereador Elói Guimarães, o Projeto de Lei Complementar
do Executivo nº 007/03, os Projetos de Lei do Legislativo nos 232, 234, 235,
239, 251 e 252/03, o Projeto de Lei do Executivo nº 037/03; em 4ª Sessão, o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Resolução nº 014/03, discutido pela Vereadora
Maria Celeste. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elias Vidal registrou ter
sido escolhido Presidente da Comissão Especial instalada hoje neste
Legislativo, para tratar do combate às drogas e à violência. Também, saudou a
constituição, na Casa, de Comissão Especial acerca do uso de bebidas alcoólicas
e de drogas por menores, bem como da prostituição infantil e da exploração de
menores em "situação de rua" na Cidade. A seguir, constatada a
existência de quórum, foi aprovado o Requerimento nº 169/03 (Processo nº
4716/03 - Autorização para representar externamente esta Casa na reunião e nas
atividades relativas à apreciação da Proposta de Emenda Constitucional nº 385,
que versa sobre a aposentadoria das donas-de-casa, no período de dezesseis a
dezoito de setembro do corrente, em Brasília - DF, com percepção de diárias e
passagens aéreas), de autoria da Vereadora Maristela Maffei. Na oportunidade, o
Vereador João Bosco Vaz formulou Requerimento verbal, solicitando que este
Legislativo busque informações acerca das fontes que originaram notas publicadas
hoje no jornal Zero Hora, de autoria do jornalista José Barrionuevo, relativas
aos trabalhos da Sessão Ordinária do dia dez de setembro do corrente, tendo o
Senhor Presidente informado que já foram tomadas medidas quanto ao assunto. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Carlos Nedel manifestou-se sobre
pronunciamentos efetuados hoje na Casa pelos Vereadores Wilton Araújo, quanto à
Lei nº 8.712/01, que dispõe sobre os serviços de infra-estrutura que utilizam o
solo e o subsolo de propriedade municipal, e Darci Campani, quanto ao 1º
Encontro de Lésbicas da Região Sul – Liga Brasileira de Lésbicas, a ocorrer no
corrente mês, na cidade de Florianópolis. O Vereador Haroldo de Souza procedeu
à leitura de correspondência, onde são levantadas questões referentes aos
caminhos políticos seguidos pelos Estados Unidos da América e aos atentados
terroristas sofridos por esse país no dia onze de setembro de dois mil e um.
Ainda, criticou a atuação do Senhor Luís Inácio Lula da Silva e do Partido dos
Trabalhadores à frente do Governo Federal. A Vereadora Maristela Maffei,
recordando os atentados terroristas ocorridos há dois anos nos Estados Unidos
da América, declarou que hoje o mundo vive um momento de reflexão. também,
chamou a atenção para a necessidade de que, mais do que observar apenas os
fatos, seja compreendido todo o contexto de crise internacional no qual esses
fatos se inserem, para que não ocorram distorções que afastem a possibilidade
de construção da paz. Às dezessete horas e vinte e dois minutos, constatada a
inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Elói Guimarães, Maria
Celeste e Ervino Besson e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que
eu, Maria Celeste, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Hoje pretendo fazer
uma declaração. Todas as vezes em que eu presido os trabalhos desta Casa,
mentalmente, faço uma oração a Deus para que me dê força, sabedoria e isenção
para conduzir os trabalhos a bom termo. Ontem, depois de iniciada a Sessão, eu
recebi de presente do Major-Capelão do Comando Militar Sul um pequeno
Evangelho, uma miniatura de Evangelho, por isso, hoje, resolvi pedir a Deus em
voz alta, e não apenas mentalmente, que me dê força, sabedoria e isenção para
conduzir os trabalhos desta Sessão, que está aberta.
Solicito a Sra. Secretária que faça a
leitura das proposições encaminhadas à Mesa.
(A Sra. Secretária procede
à leitura das proposições.)
Passamos à
O Sr. Sérgio Bueno do
Amaral, representando a ONG Solidariedade, está com a palavra para tratar de
assunto relativo ao 2º Encontro sobre Participação Popular, pelo tempo
regimental de 10 minutos.
O
SR. SÉRGIO BUENO DO AMARAL: Boa-tarde a todos. Nossa
saudação ao Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib; aos ilustres Vereadores e a
plenária que hoje prestigia esta Sessão.
O que nos traz a esta Casa e a este
pedido de Tribuna é um objetivo específico. No dia de hoje, às 19 horas, aqui
no Plenarinho da Câmara de Vereadores, iremos promover o 2º Encontro de
Cidadãos de Porto Alegre, que tem por objetivo discutir o tema da participação
popular. No ano passado, no mesmo mês de setembro, promovemos um encontro da
ONG Solidariedade com o tema do Orçamento Participativo. Neste ano trazemos a
participação popular, que é um tema similar, nós temos de considerar os novos
contextos da participação na nossa Cidade e no nosso Estado, uma vez que, no
Governo do Estado, hoje, nós temos um outro mecanismo de participação, portanto
queremos abordar esses dois processos nesta oportunidade.
Nós já enviamos e-mails e comunicações diretas aos gabinetes, portanto todos os
Vereadores já devem ter recebido o convite e, também, aqui no plenário, outro
dia, nós fizemos alguns contatos com os Vereadores nesse sentido.
O 2º Encontro sobre Participação Popular
vai ter como convidados a Ver.ª Clênia Maranhão e o Ver. Carlos Pestana, que
irão tratar desse tema.
Eu queria também esclarecer a natureza da
organização que propõe o debate: a ONG Solidariedade. Ela é uma organização que
foi formada por conselheiros, delegados e cidadãos que participam do Orçamento
Participativo e por lideranças do movimento comunitário. Nós nos reconhecemos
nesses espaços e decidimos que o Orçamento Participativo tem limitações e que
precisaríamos, então, trabalhar em conjunto para buscar a melhoria desse
processo e buscar uma reflexão da nossa experiência para o avanço da democracia
na nossa Cidade.
No ano passado, resolvemos escrever um
livro intitulado “Caminhando para o Mundo Novo”. Conseguimos editá-lo com apoio
de parceiros internacionais, não procuramos nenhum recurso publico. Esse livro
conta a nossa história, as nossas experiências, as nossas idéias e fazemos as
nossas críticas desse processo que é o Orçamento Participativo. Nós entendemos
que a participação é importante, mas queremos mais do que esses mecanismos que
estão aí.
Esta Casa já nos recebeu em outras
oportunidades. Nós tivemos, inclusive, algumas experiências, em 2000, quando
tramitava, aqui, um outro Projeto que tratava da regulamentação do OP. Na
época, houve uma certa animosidade entre a platéia e os Vereadores, e nós
achamos que esse tipo de comportamento não constrói a democracia. Nós queremos
propor um debate no nível da discussão das idéias, queremos um ambiente de
cordialidade e uma aproximação com esta Casa, com o Legislativo. Talvez a nossa
participação no Orçamento Participativo tenha criado um distanciamento, e este
passo que nós estamos dando, no sentido de promover esse evento, é uma
iniciativa muito clara, da parte do movimento popular, de aproximação com o
Legislativo. Eu acho que a democracia representativa precisa estar ao lado da
participação popular. Juntos, nós podemos qualificar os processos de
participação e melhorar os rumos da nossa Cidade.
Era esse o recado. Mais uma vez, eu
convoco a participação de todos os Vereadores, esperando que esse debate
transcorra num clima de cordialidade, como eu disse antes, e que nós possamos
tirar idéias para avançar na participação popular em nossa Cidade, em nosso
Estado e em nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Solidariedade é uma
coisa extremamente importante e falta neste mundo. Solidariedade é ajudar os
necessitados sem deixar que eles pensem que estão recebendo esmolas.
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acho
extremamente importante e oportuno esse assunto. Nós, do trabalhismo, do PDT,
temos uma especial atenção pelo tema que é objeto desse Encontro, tratando
dessa importante questão da participação popular. Eu, particularmente, tenho
uma posição, e nós, do PDT, ressaltamos a importância do processo da
participação popular nas decisões da Cidade, do Estado, em todas as esferas da
Federação.
Porto Alegre tem um mecanismo de
participação popular sobre o qual temos uma posição crítica, porque entendemos
que a participação popular, preconizada por vários movimentos sociais, entidades
não-governamentais, vem sendo estudada no seio da intelectualidade brasileira e
tem um importante papel a cumprir. Mas essa participação popular, a chamada
democracia participativa, deve, Amaral, no nosso entendimento, se
compatibilizar com a democracia representativa. Assim como o senhor faz hoje,
comparecendo neste importante instrumento, que é um instrumento de participação
popular desta Casa. A Câmara abriu este um espaço da Tribuna Popular há treze
anos, um espaço singular, por meio de sua Lei Orgânica, para virem aqui fazer
uso todos os representantes das mais diversas entidades. Nós votamos isso,
consagramos na Lei Orgânica; é um mecanismo de participação popular, sim!
Temos uma visão crítica em relação aos
mecanismos de participação popular adotados - e isso é uma contribuição que
deixamos para esse Encontro - pelo Poder Executivo Municipal de Porto Alegre,
tendo à frente, nas últimas gestões, o Partido dos Trabalhadores. Ele não tem o
monopólio da participação popular, nem da democracia participativa, até porque
outras experiências estão sendo feitas e bem sucedidas. A última foi a Consulta
Popular, que é um estágio de um processo de participação popular. Portanto,
queremos ressaltar que a crítica que fazemos à participação popular do atual
Governo da cidade de Porto Alegre é em relação à natureza de tutela que o Poder
Executivo tem sobre o movimento social popular. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Presidente João Antonio Dib, Deus está
sempre com todas as pessoas. Vossa Excelência tenha absoluta certeza disso. Nós
é que não sabemos usar a forte luz que Ele nos dá todos os dias e em todos os
momentos.
A Consulta Popular que aí está é um
trabalho colocado para a sociedade junto com o Orçamento Participativo. Por que
não? O Orçamento Participativo tem coisas boas, mas tudo pode ser realmente
aprimorado, ganhar outros contornos. De uma forma igual, de uma maneira direta,
a participação popular nas decisões do Governo é absolutamente necessária para
que possamos ter facilidade para atingir os objetivos. O Partido Trabalhista
Brasileiro tem a sua proposta, está aí a Consulta Popular, e espera também
sugestões, mas quer também atitudes de todos. O Orçamento Participativo e esse
do Governo Estadual - qual é o problema de unirmos as idéias, os ideais, os
nossos sonhos e, juntos, trabalharmos pela democracia participativa, sim, mas
em todos os sentidos?
Sr. Sérgio Bueno do Amaral, conte com o
nosso trabalho no que o senhor precisar, do PMDB aqui na Câmara Municipal e,
com certeza, na seqüência, da Assembléia Legislativa. Nós estamos à inteira
disposição de todos aqueles que convivem conosco nessa gostosíssima Porto
Alegre, que tem essa não menos fantástica Câmara Municipal, que dá este espaço
para vocês, e que agora tem a Presidência deste cidadão, meu amigo, o Sr. João
Antonio Dib. Um abraço, Dibão! Vai fundo!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Mesa tem a
satisfação de cumprimentar, e creio que o faz por toda a Casa, o nosso Delegado
João Cândido, que hoje aniversaria, soma mais uma primavera à sua existência de
bons frutos. Desejamos que ele, por muito, muito tempo, esteja em nosso meio,
continuando com o desejo que tem de servir. Saúde e paz!
A Ver.ª Clênia Maranhão está com a
palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu queria, em nome da nossa Bancada do PPS, em meu nome, em nome do
Ver. Wilton Araújo, saudar a presença da ONG Solidariedade nesta Casa.
Tenho tido a oportunidade de ouvir as
propostas e de saber sobre o trabalho da ONG Solidariedade. Acho que, no
momento em que vive a sociedade, cada vez mais estamos conscientes da
importância de que a solução dos problemas sociais só será possível com a soma
dos esforços dos poderes públicos, empresariais e da sociedade civil.
O fortalecimento de uma entidade como a
ONG Solidariedade tem um significado extremamente importante para aqueles que
lutam pelo projeto de inclusão social neste País, nós sabemos que a questão da
inclusão e a questão da democracia são temas impossíveis de serem separados.
Portanto, a presença da ONG Solidariedade, por intermédio do Sérgio Bueno do
Amaral, reforça um caráter fundamental da sociedade moderna, que é o
fortalecimento do processo democrático. Não existe meia democracia, ou ela é
democracia ou não se constitui como processo democrático, e o fortalecimento do
processo democrático brasileiro passa necessariamente pelo fortalecimento da
democracia participativa como subsídio, como parceira das ações da democracia
representativa.
Então, acho que é esse o debate que esta
Casa vai sediar por meio da proposta da ONG Solidariedade. E quero agradecer a
oportunidade de poder ser palestrante, juntamente com o Ver. Carlos Pestana,
hoje, às 19 horas, aqui na Casa. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sr. Sérgio Bueno do
Amaral, da ONG Solidariedade, Srs. Vereadores, qualquer partido político que
hoje assumisse a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, se perguntado, certamente
diria que continuaria com o Orçamento Participativo. O que nós não gostaríamos
no Orçamento Participativo é a contaminação ideológica e o uníssono de
orquestras teleguiadas, mas que houvesse um partido só e uma opinião só. Isso
talvez seja a deturpação da democracia por um motivo: a democracia direta se
estabeleceu, muitas vezes, pela eliminação dos Parlamentos e pelo diálogo
direto entre os ditadores e o povo. Nós os chamávamos de carismáticos; nós
chamávamos isso de populismo.
Hoje uma forma de disfarçar a ditadura é
se dizer democracia direta. Por isso, nós achamos que, descontaminando dessa
forma e com a participação de todos os estamentos burocráticos de todos os
governos, certamente, nós poderemos melhorar as questões sociais e incluí-las
de volta a um processo de desenvolvimento, do qual nós estamos ainda muito
longe, porque nossas carências primárias ainda não foram atingidas.
A democracia direta é tão importante
quanto a democracia representativa, elas podem conviver perfeitamente. O que
não se pode é ter a deturpação aberrante do processo democrático para se fingir
uma democracia.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Zé Valdir está
com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. ZÉ VALDIR: Em nome da Bancada, quero saudar o Sérgio. O
assunto que ele traz a esta Casa é da maior importância, pois participação
popular é sempre um assunto polêmico e palpitante.
Eu ouvi o Ver. Isaac Ainhorn falar e
criticar, assim como o Ver. Cláudio Sebenelo, o Orçamento Participativo; o Ver.
Isaac Ainhorn falando da tutela, e o Ver. Sebenelo falando da contaminação
ideológica. Olha, isso é um desrespeito aos participantes do Orçamento
Participativo, às Lideranças, inclusive, dos Partidos desses Vereadores, que
têm acesso ao Orçamento Participativo; são pessoas qualificadas, que não se
deixam enganar por ninguém.
A alternativa ao projeto do Orçamento
Participativo é que é interessante. Tramita na Casa um Projeto de autoria do
Ver. Cláudio Sebenelo, co-autoria do Governo do Estado, que pretende substituir
o COP pelo COMUDE. O COMUDE, eu fiz os cálculos, tem 123 membros, dos quais, 83
formam uma comissão de notáveis, são conselheiros natos e, desses 83, 80 são
Parlamentares, porque todos os Vereadores participam, os 27 Deputados Estaduais
domiciliados em Porto Alegre, os 17 Deputados Federais domiciliados em Porto
Alegre e os Senadores. Então, 64% do COMUDE, Projeto que está tramitando na
Casa, é composto de Parlamentares que têm dupla representação, porque
representam os seus Parlamentos e vão-se representar no Conselho. E sabe
quantos representantes têm as comunidades, que hoje são absolutas, no COP?
Hoje, no COP, 69% dos representantes são eleitos na região e 26% são eleitos
nas temáticas, e o Governo não participa com direito a voto no COP. Agora,
aqui, no COMUDE, que está na Câmara, esse belo exemplo de democracia, 64,22%
são Parlamentares das três esferas que já têm a sua representação específica
nos Parlamentos. E 67,47% do total de 123 são membros natos, onde incluem-se os
três Poderes, portanto a ampla maioria desse COMUDE, que é apresentado como a
“oitava maravilha do mundo” para substituir o Orçamento mais amplo, mais
democrático, é uma ditadura do Parlamento sobre o esmagamento da participação
popular. É isso que estão apresentando como alternativa, só que não apresentam
os números. E eu me dei ao trabalho de fazer os cálculos, e vou denunciar isso
à sociedade.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, quero saudar o Sr. Sérgio
Bueno do Amaral; em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, é uma
satisfação tê-lo aqui, bem como toda a sua entidade.
Eu tenho me pronunciado nesta Casa e
tenho sido contra o Orçamento Participativo e também contra o COMUDE, que está
para ser aprovado nesta Casa, porque, se não têm dinheiro, podem estar iludindo
o cidadão que está participando do COMUDE ou do Orçamento Participativo. Eu
entendo que são métodos direcionados, ou seja, tem a verba para tal, direciona,
e aí vem a participação popular. Eu tenho medo desse sistema direcionado. A
prova está que foi colocado aqui, e ambos os lados que colocaram usam o aspecto
ideológico.
Então, a participação tem de ser da
sociedade num todo, ela não pode ser especificamente de um partido político,
até porque a Cidade não é de um partido político; a Cidade é do povo. Eu tenho
muitas divergências com relação a este aspecto, quando se direcionam as verbas
para um determinado fim, conforme a participação de algumas comunidades, entre
aspas, porque muitas vezes não é a
comunidade, às vezes a associação de bairro tem um ou dois representantes, mas
não tem nada a ver com o bairro – e eu tenho conhecimento disso –, não tem nada
a ver com a peculiaridade do bairro. Esse aspecto tem de ser avaliado, não digo
que tenha de terminar, mas, da forma que está, tem de ser ampliado, modificado
e, realmente, ser solidário. Da forma que está, ele está viciado, há um comportamento
orientado para algumas verbas em alguns setores, e aqueles que estão
participando já sabem e vão lá só sacramentar, consolidar o que o Orçamento já
prevê. Obrigado pela presença, conte com a nossa colaboração neste Legislativo.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch
está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. BETO MOESCH: Sérgio Bueno do Amaral, da ONG
Solidariedade, com relação ao 2º Encontro sobre Participação Popular, penso que
esse tema deve ser amadurecido em um País que aos poucos amadurece a sua
democracia e procura solidificá-la. Existem várias formas eficazes e efetivas
de participação da sociedade no processo decisório, porque nós podemos fazer
com que a sociedade participe sem decidir, fazendo com que as pessoas que estão
ali passem apenas a ser massa de manobra. Isso é muito comum, historicamente
falando. Vários países, em todos os momentos da história, fizeram isso. Os
Poderes constituídos, para legitimar o que queriam, faziam justamente esse tipo
de trabalho, totalmente antidemocrático, com uma fachada democrática.
Portanto, nós precisamos, por exemplo,
fortalecer as associações de bairro, as entidades de classe. O Parlamento, por
intermédio das comissões técnicas permanentes, deve oportunizar que a sociedade
devidamente organizada – aliás, a Constituição Federal fortalece muito as
associações e a organização da sociedade no processo decisório - participe do
processo decisório, tanto em nível de Executivo, quanto em nível de Poder
Legislativo. Porque os Poderes, muitas vezes, procuram usar a sociedade para
legitimar o que pretendem e, portanto, a sociedade deve estar muito bem
organizada para participar do processo e saber que ela está decidindo
efetivamente. Uma mera audiência pública não é um método de participação da
sociedade no processo decisório. Ela vai participar, mas não vai ter decisão.
Vai depender de como nós faremos para que essa sociedade realmente decida.
E é o que nós estamos tentando fazer
agora com o Plano Diretor. Porque a Cidade cresce, desenvolve-se sem a
participação da sociedade no processo decisório. Só para dar o exemplo do que
nós estamos tentando fazer agora na alteração do Plano Diretor. Parabéns pelo
trabalho e pela iniciativa.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra nos termos do art. 206 do
Regimento.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Sr. Sérgio Amaral, representando
a ONG Solidariedade, queremos, primeiramente, dizer que este é um tema que está
sempre em discussão. Aqui no Rio Grande do Sul, eu sou Diretor-Geral da
Fundação João Mangabeira, do nosso Partido, e, coincidentemente, há três
semanas, nós tivemos a oportunidade de discutir a participação popular;
participaram a nossa Prefeita de Esteio, e Ubiratan Souza, pelo Partido dos
Trabalhadores. Fizemos uma ampla discussão. Estava prevista a presença da
Deputada Federal Luiza Erundina, que não pôde comparecer em função da votação
da Reforma Tributária.
Nós queremos dizer que cada vez mais
temos de inserir essa cultura de participação popular. Muitas vezes as pessoas
confundem ou têm receio das duas democracias, nós sempre dizemos, por exemplo,
que somos uma democracia representativa, e muitas vezes a representativa, que é
escolhida pela vontade soberana do povo, tem medo ou receio da representação
participativa. Então, entendemos que cada vez mais a sociedade tem de discutir
e dizer o que é melhor para ela, sociedade. Por exemplo, ingressamos, nesta
semana, aqui na Casa, com um Projeto que sempre vem à discussão: o cercamento
ou não de parques públicos. Nós entendemos que esse tema – e é essa a nossa
proposta – deva ser remetido a plebiscito, ou seja, à vontade popular. Eu quero
parabenizá-lo e, hoje, às 19 horas, estarei presente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Agradeço ao nosso
amigo Sérgio Bueno do Amaral a presença. Cumprimento a ONG Solidariedade e devo
dizer que solidariedade é uma coisa que falta no mundo. Se o mundo tivesse
solidariedade, todos, todos nós seríamos muito felizes. Lamentavelmente, não há
solidariedade.
Estão suspensos os trabalhos para as
despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h46min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 14h47min):
Estão reabertos os trabalhos.
O
SR. BETO MOESCH (Requerimento): Sr. Presidente, nós
solicitamos antecipação do período de Grande Expediente, para que possamos
assinalar o transcurso dos 70 anos da Paróquia São Sebastião.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação
Requerimento, de autoria do Ver. Beto Moesch, que solicita seja antecipado o
período do Grande Expediente. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
por unanimidade.
Passamos ao
Hoje destinado a assinalar
o transcurso do 70º aniversário da Paróquia São Sebastião, proposição de
autoria do Ver. Beto Moesch.
Compõem a Mesa o Pe.
Leandro Miguel Chiarello, pároco da Igreja São Sebastião Mártir de Petrópolis;
o Pe. Pedro Alberto Kunrath, pároco da Paróquia Universitária São Lucas
Evangelista; o Sr. Dilécio Gambin, Presidente do Conselho Paroquial e o Sr.
Eduardo Viana Pinto, Presidente do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese
de Porto Alegre, meu conterrâneo.
O Ver. Beto Moesch está com a palavra em
Grande Expediente
O
SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Não posso também
deixar de registrar a comunidade da Paróquia São Sebastião aqui presente, a
começar pela Ada Helena Lucaora Pauli, que vai depois nos oferecer um canto;
ela é professora de violão - Ver. Marcelo Danéris, eu já toquei violão em uma
época da minha vida; Ver. Marcelo Danéris é músico -, Ciro Pauli, Lino Vacáro,
Paulo César Franco, meu colega do Grupo de Jovens da Igreja São Sebastião, os
tempos áureos da nossa adolescência; o Franco e a Carmem, os pais do Paulo
César, enfim, diversos paroquianos da Igreja São Sebastião; meus pais Guido e
Ilse que, aliás, me levaram à Igreja São Sebastião para ser batizado há quase
38 anos.
No dia 13 de setembro de 1933, surgia no
bairro Petrópolis a Paróquia São Sebastião, em uma igreja que não existe mais,
pequena, na Rua João Abbott com a Rua Carazinho. A Igreja São Sebastião foi
criada a partir do desmembramento das Paróquias Santo Antônio do Partenon,
Nossa Senhora da Piedade e Auxiliadora. O bairro Petrópolis nasce, muito, em
virtude do início da Paróquia São Sebastião, confundem-se, justamente, os
crescimentos tanto da Paróquia São Sebastião, como do bairro Petrópolis. Eu
quero já, de antemão, dizer da importância do espírito comunitário de uma
paróquia como a de São Sebastião; no pulsar, na organização comunitária,
fizeram crescer, desenvolver economicamente, socialmente, culturalmente, um
bairro dos mais importantes da cidade Porto Alegre que é o bairro Petrópolis. O
princípio de subsidiariedade nasceu na comunidade: o que o menor pode fazer,
jamais o maior deve fazer; no máximo, auxiliar, colaborar. E o bairro
Petrópolis cresceu muito mais pela Paróquia São Sebastião do que pelo Poder
Público, que acabou atendendo ao chamado da Paróquia São Sebastião. É o
espírito comunitário, que leva uma mensagem universal, a mensagem de Deus, a
mensagem de Cristo, mas, localmente, lá na paróquia.
Em 25 de janeiro de 1945,
graças ao empenho do saudoso Cônego Alfredo, com quem tive o privilégio de
conviver, pároco por 35 anos, realizava-se o lançamento e bênção da pedra
fundamental da nova Igreja Matriz de São Sebastião, no local onde, hoje, se
ergue o templo, um terreno doado à comunidade pela família do Sr. Armando
Martau. O atual templo foi inaugurado em 25 de janeiro de 1953, e ali se
originou o Colégio Santa Inês, um dos mais tradicionais da cidade Porto Alegre,
o Lar Santo Antônio e o Lar Maria Menina. Devo também ressaltar que salas da
Igreja São Sebastião serviram como primeira sede da Rádio Aliança FM106.3,
ocasião em que os paroquianos e o então pároco, saudoso Pároco Monsenhor
Avelino Dalla Vecchia, destacaram-se entre os principais idealizadores e
colaboradores, viabilizando o seu funcionamento. Hoje, a emissora é uma
realidade espalhando o amor de Deus pelo ar.
Como eu disse, Sr.
Presidente, eu tive o privilégio de não só ser batizado na Igreja São
Sebastião, mas de ter vivido toda a minha vida na Paróquia São Sebastião. Ali
fiz minha catequese, crisma, fui dirigente do Grupo de Jovens, fiz o CLJ e devo
muito à Paróquia São Sebastião por estar aqui hoje, nesta tribuna, como
Vereador. Porque é na comunidade que se formam as lideranças, mas lideranças
com princípios, com mensagem, com idealismo, através do Evangelho.
E a Paróquia São Sebastião
destaca-se por várias instituições, digamos assim, hoje, eu ainda falava com o
Padre Leandro. A Igreja São Sebastião, a Paróquia São Sebastião é uma
instituição, mas com várias instituições dentro dela: o próprio Conselho
Paroquial, o Grupo de Liturgia, o Grupo de Orações, o ONDA, o CLJ, o Grupo Doce
Luz, de jovens e universitários, o Clube de Mães, as Voluntárias de São
Sebastião, aliás, essas duas instituições inclusive costuram e, ao venderem as
belíssimas artes que fazem, doam tudo que arrecadam às pessoas mais carentes. A
Conferência Vicentina Santa Mônica arrecada donativos e visita carentes na Vila
Bom Jesus; coordena o Projeto Ação Natal, do qual participei diversas vezes, onde
nós, de casa em casa, da Paróquia São Sebastião, pedimos donativos para as
pessoas mais carentes. Portanto, da Paróquia São Sebastião pulsa - como, aliás,
é característico nas diversas paróquias, é característico na Igreja Católica -,
um trabalho de ação social. Podem dizer o que quiserem da Igreja Católica, mas
nenhuma outra instituição presta tantos serviços com resultados efetivos como a
Igreja Católica na área da educação, na área da saúde e na ação social. Há a
Pastoral da Saúde, que visita enfermos, solitários, fazem lá visitas a essas
pessoas; há o Grupo de Canto da São Sebastião, e seremos presenteados daqui há
pouco com músicas; há o almoço mensal que confraterniza todos.
Concluo, Sr. Presidente,
apenas para colocar rapidamente um trecho do livro dos 50 anos da Paróquia São
Sebastião, que diz o seguinte: “Os sinos continuam a tocar como sempre tocaram;
porém, mal conseguem ser ouvidos no respirar ofegante do burburinho da Cidade.
O Bairro explodiu com a conquista do morro de Petrópolis pelo povo que fugia
das enchentes e atendeu à atração dos loteamentos urbanos. O fim da linha,
ponto em que os bondes entregavam aos lares os últimos passageiros, agora é
apenas um ponto de encontro e de referência. A Paróquia São Sebastião, unidade
viva da ação da Igreja, ajustou-se às necessidades de uma fé revigorada, com os
desafios de novos questionamentos”.
É um orgulho muito grande para nós, da
Câmara de Vereadores, receber uma comunidade que tanto prestou serviços à
Cidade e que se confunde com o desenvolvimento harmônico de Porto Alegre, em
especial, do bairro Petrópolis. Parabéns à Paróquia São Sebastião. (Palmas.)
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maria Celeste
está com a palavra em Grande Expediente.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ao elogiar a
iniciativa do nobre Ver. Beto Moesch gostaria de reiterar os nossos votos, como
Bancada do Partido dos Trabalhadores - falo em nome da nossa Bancada -, pela
passagem dos 70 anos da Paróquia São Sebastião. Já foi referendada a data da
sua criação, 13 de setembro de 1933, que será comemorada no próximo sábado.
A história das religiões e das
construções dos seus templos e igrejas esteve sempre associada aos fatos e aos
acontecimentos de suas épocas. Nesse sentido, eu gostaria de, agora, neste
momento, aproveitar a oportunidade e tecer algumas reflexões que considero de
extrema importância acerca do momento atual por estar diretamente relacionado
com as nossas vidas e com a vida dos nossos filhos, das nossas crianças, dos
nossos adolescentes. Afinal, o exercício da solidariedade, da afetividade e do
amor entre as pessoas está cada vez mais difícil de ser percebido na nossa sociedade.
Valores esses que estiveram sempre no centro das ações e intenções do
cristianismo e da própria Igreja Católica.
Hoje, 11 de setembro, é um dia que nos
faz refletir. Uma reflexão que traz, para muitos de nós, muita dor. Cada vez
mais pensamos nesta data, uma data que há dois anos horrorizou o mundo, que
mereceu a nossa atenção sobre a cidade de Nova Iorque e que ficou marcada na
memória de todos nós. E trago, hoje, esse fato, essa lembrança para que não
apenas fique em nossa memória, mas que fique marcada em nossos corações e que
possa servir como reflexão aquele 11 de setembro. Esta data serve de exemplo
para que o fundamentalismo e o extremismo, seja ele religioso ou político,
praticado por ambos os lados, seja rejeitado pela humanidade em todas as suas
esferas, em todas as suas dimensões.
Precisamos todos repensar sobre as nossas
práticas, as nossas ações cotidianas e sobre as relações que temos mantido com
nossas famílias, com a nossa comunidade, com o nosso bairro, com o nosso
serviço, com o nosso local de serviço, nosso cotidiano profissional. E eu quero
trazer isso como reflexão porque esta homenagem aqui prestada à Paróquia São
Sebastião traz para nós que o exercício da fé transcende doutrinas e dogmas.
Certamente uma paróquia como essa, que se
mantém viva com a sua comunidade, com os seus fiéis, que se insere na vida
cotidiana da comunidade, vem demonstrar que ainda é preciso e é possível que
nós acreditemos no outro, para, quem sabe, termos uma sociedade verdadeiramente
marcada pela cultura da paz entre os povos. O exemplo de São Sebastião deve ser
seguido por todos, pois ele, com a sua bravura, a sua coragem, não abriu mão de
defender os cristãos de sua época, que eram perseguidos por suas convicções
religiosas. Hoje, nós também devemos ser guerreiros e soldados de uma outra
luta, de uma outra guerra. Nós queremos a luta pela paz entre os povos. A luta
por um mundo melhor, a luta pela solidariedade entre os homens e mulheres, a
busca de um ideal, que é o de termos uma sociedade mais justa e igualitária, em
que todos possam exercer plenamente a sua cidadania e ser respeitados,
independentemente de suas posições políticas e ideológicas. Com toda a certeza,
essa comunidade, essa paróquia, as suas diversas pastorais que atuam, que já
foram nominadas pelo Ver. Beto Moesch, que estão ali, no coração do bairro
Petrópolis, e os fiéis da Paróquia São Sebastião têm contribuído para a
construção desse mundo mais justo e igualitário. É por isso que, nesta semana e
neste dia, em que completa seus 70 anos de existência, essa paróquia recebe o
nosso respeito, os nossos aplausos e o agradecimento, por parte desta Casa, por
esse trabalho de solidariedade e de amor entre os povos. Muito obrigada.
(Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra em Grande Expediente, por cessão de tempo da Ver.ª Maristela
Maffei.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta brilhante
iniciativa do Ver. Beto Moesch veio-se juntar, numa hora muito oportuna, aos
230 anos desta Casa, que é a Casa do Povo. Como disse, numa hora muito
oportuna, e pedimos a Deus que ilumine essa comunidade nas orações de vocês,
nas pregações de vocês. E que vocês, no momento de suas orações, também lembrem
desta Casa, que é a Casa do Povo. Nós fomos eleitos por esta Cidade e por este
povo, e o voto de vocês, da comunidade, têm muito peso nesta Casa. Que Deus nos
ilumine e nos ajude para que nós possamos exercer o nosso mandato com respeito,
dignidade e responsabilidade.
Nos anos 60, eu tive a honra de ter sido
convidado para trabalhar - muito jovem ainda, naquela época - pelo já falecido
Cônego Paulo de Nadal, juntamente, em memória também, do Arcebispo de Uruguaiana,
Dom Luís de Nadal, e o Padre Gregório. Os três eram extraordinários homens
cristãos, que tiveram suas histórias religiosas. Todos vocês sabem, a maioria
conhece as suas trajetórias, o que representaram dentro da nossa religião. Eu
tenho uma lembrança muito viva em minha memória.
O meu caro Presidente do Secretariado de
Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre há pouco assumiu, depois de esse
posto ter sido ocupado, por quase meio século, pelo então Dr. Roberto Bier da
Silva. Estivemos lá, naquele momento, eu e o Ver. João Carlos Nedel, mas, por
compromissos agendados, não conseguimos ficar até o final.
Lembro-me muito bem do Coronel Dastro,
daquela paróquia, de extraordinária família, quando nós começamos a fundar a
Paróquia Santa Cruz, na Cidade de Deus. Eu acho que muitos de vocês, senhoras e
senhores que estão aqui, devem lembrar, porque eu sei que muitos paroquianos
estiveram lá na Cidade de Deus trazendo seu conhecimento e nos orientando, a
convite, então, como já disse, do Coronel Dastro de Moraes Dutra.
Então, fica aqui este registro, que faço
com muito carinho, meus queridos padres e meus queridos paroquianos da Igreja
São Sebastião.
Como foi dito, aqui, pelo proponente
desta homenagem, Ver. Beto Moesch, o que representou para aquela comunidade e
continua representando, dentro da nossa religião, tudo o que tem feito e
continua fazendo a Rádio Aliança, criada dentro dos salões da Igreja São
Sebastião. O que representa, hoje, a Rádio Aliança dentro de um contexto, na
área de comunicações? É uma emissora sem fins lucrativos, que consegue, depois
de muita luta, o reconhecimento do povo, o reconhecimento da comunidade pelo
que representava naquela época e hoje continua representando mais ainda, porque
adquiriu um prédio próprio. A comunidade acreditou numa proposta, e, hoje, nós
conhecemos a potência da Rádio Aliança. Todos os eventos que surgem, a Rádio
Aliança transmite, como as festividades de Nossa Senhora dos Navegantes e
outros tantos; sabemos de milhares e milhares de pessoas que ouvem a mensagem e
ouvem a palavra de Deus pela Rádio Aliança.
Como já disse, falo aqui com muito
orgulho de uma pessoa que trabalha na Rádio Aliança, a Dona Zélia Caetano
Braun, uma pessoa que também, numa hora muito oportuna, Deus colocou para nós,
essa criatura tão querida, porque nós viemos do Interior e perdemos a mãe ainda
muito jovens. Naquela época, nós estudávamos no Colégio Pio XII, onde a Zélia
era Diretora, uma extraordinária criatura. Minha família e eu temos o maior
respeito por essa criatura que trabalha na Rádio Aliança, transmitindo a sua
mensagem com aquele carinho, com aquele amor que ela tem ao próximo, inclusive
com o seu programa "Chimarreando com Deus"; milhares de pessoas
participam e ouvem o programa, que é transmitido pela Rádio Aliança.
Portanto, fica aqui o registro, e, mais
uma vez, para encerrar, quero parabenizar o nosso colega Ver. Beto Moesch, pela
brilhante idéia. Parabéns aos padres que trabalham naquela paróquia. Parabéns à
comunidade. Que Deus ilumine, cada vez mais, o caminho de vocês! Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos
Nedel está com a palavra em Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver.
Pedro Américo Leal.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falo em nome da
Bancada do Partido Progressista, composta nesta Casa, além do Ver. Beto Moesch,
proponente desta homenagem, pelo ilustre Presidente desta Câmara Municipal,
Ver. João Antonio Dib; pelo nosso Líder, Ver. Pedro Américo Leal, que me cedeu
o seu tempo, e por este Vereador.
Setenta anos é um tempo de reflexão, mas,
também, um tempo para festejar, e temos muito a festejar. Vejo muitos
paroquianos, aqui, que realmente devem estar felizes, porque olham para trás e
vêem 70 anos de trabalho, de realização, de construção de um mundo melhor. E
podemos projetar isso para a frente, e temos excelentes perspectivas - visão
otimista, sim!
Nós, aqui nesta Casa, hoje, instalamos
uma Comissão Especial que irá tratar da questão das drogas e da violência em
Porto Alegre. Ontem, instalamos, também, nesta Casa, uma outra Comissão
Especial que irá tratar da exploração sexual de menores. É impressionante o que
acontece em nossa cidade. E essas Comissões irão tentar descobrir as causas do
que está acontecendo, porque os efeitos nós estamos vendo aí - drogas.
Tristemente, nós somos a Capital, juntamente com o Rio de Janeiro, de maior
consumo de drogas entre a juventude e, como conseqüência, a Capital com maior
índice de AIDS. Por que isso acontece? Essas Comissões irão estudar mais
profundamente. Mas a gente já tem alguma idéia. E a idéia principal é que a
família passa por imensas dificuldades; dificuldades que são causadas pela
miséria, pelo desemprego e pelo afastamento dos valores cristãos.
E a Igreja? A Igreja trata dessas duas
dificuldades, de amenizar essas duas dificuldades - a miséria, a pobreza. Nós
temos aqui o Presidente do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese, Dr. Eduardo
Viana Pinto, e lá está a Igreja trabalhando nisso: com a CARITAS, com o Lar
Santa Marta que está acolhendo, os albergues, os abrigos, o Amparo Santa Cruz,
com muitas entidades, todos cuidando das pessoas. Há as creches que a nossa
Igreja mantêm. Nisso tudo está a Igreja presente, e às vezes nós não nos damos
conta. Na área do desemprego, também está lá a Igreja trabalhando. Vejam o que
faz o Pão dos Pobres: forma pessoas, forma juventude; o Albergue João Paulo II:
forma pessoas. Nisso está sempre a Igreja presente. Temos a nossa ADCE –
Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa – que procura fazer da nossa
empresa uma morada de Cristo, uma empresa com valores cristãos. Isso tudo é
Igreja!
E sobre os valores cristãos, está lá a
paróquia, especialmente a Paróquia São Sebastião, trabalhando pela família,
levando valores fundamentais para a vida das pessoas. O Ver. Beto Moesch falou
muito bem e especificou os movimentos que há na paróquia: começa pelo ONDA,
segue pelo CLJ - do qual ele participou -, continua com a Paróquia
Universitária, que enfoca os jovens - importante trabalho, e o carisma do Padre
Pedro, que acompanha a juventude há tanto tempo. A minha filha, Carla, teve a
honra de participar do CLJ com ele há muitos anos. Vejam o que ele pode fazer acompanhando
a nossa juventude.
Nós temos o ECC, do qual tive a honra de
participar desse último, no dia 31 de agosto, lá dando uma palestra sobre A
Vivência do Sacramento do Matrimônio. E temos o Teorema, Padre Leandro, do qual
Vossa Reverência é nosso diretor espiritual nos encontros de casais de Teorema.
Vejam que isso tudo a
paróquia acompanha. E lembrem, senhores paroquianos, católicos aqui presentes,
a presença da Igreja, a presença da Igreja na área da educação... Imaginem
quantos benefícios na área da educação a Igreja presta, por meio das nossas
universidades, da orientação marista, lassalista, de tantas irmãs religiosas!
Na área da saúde, lá está a Igreja Católica presente!
Então, quando o Ver. Beto Moesch propõe
festejarmos os 70 anos da Paróquia São Sebastião, efetivamente, Ver. Beto
Moesch, V. Exa. tem razão, nós temos razões para festejar, para dar graças a
Deus que existe uma paróquia, uma comunidade lutando para melhorar este mundo e
para evangelizar e colocar o amor de Deus na nossa vida. Parabéns! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra em Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver.
Sebastião Melo.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu toco sanfona e acordeon;
tu, Beto, tocas violão, está fechada a dupla; que se cuidem Xitãozinho e
Xororó!
Quero unir aqui, em nome do PMDB, os
cumprimentos à Paróquia São Sebastião pelos serviços prestados à comunidade, à
sociedade, ao longo dos 70 anos. Igreja Apostólica Romana, um segmento de Deus
que, às vezes, eu questiono; duvidar jamais. Mas questionar Deus, sim.
Hoje, dia 11 de setembro, nós estamos
recordando um momento de muita tristeza, de muita violência, de muita
desumanidade, de falta de coração e de falta de respeito ao ser humano: as
torres do pânico - dia 11 de setembro. Eu questiono Deus: por que Ele não
desviou aqueles aviões para um outro lugar? Caísse lá... Sei lá.
E questiono também o fato de que, na
quarta-feira, a Ministra das Relações Exteriores, da Suécia, que é Primeiro
Mundo, onde já se conquistou tudo na sociedade, sofreu uma tentativa de
assassinato; ela que seria, em breve, a máxima mandatária daquele país, que está
no contexto de Primeiro Mundo. Então a violência, infelizmente, está em toda a
parte.
Essas crianças que estão sendo
assassinadas em Passo Fundo, região de Soledade - nisso não tem dedo de Deus.
Então, são questionamentos.
Mas acreditamos nesse trabalho que faz a
Igreja Católica, que também fazem outros segmentos religiosos, desde que tenham
base, única e exclusivamente, naquele que é o Deus maior. Setenta anos de
prática e de fé, com muita ação. Vocês querem mostrar o caminho, nós estamos
prontos para ouvir e também para divulgar as palavras de Deus.
Jesus, Maria, José - uma congregação que
pertenci quando jovem, no interior do Estado do Paraná - abraça carinhosamente
a Paróquia São Sebastião, pedindo diretamente força para que vocês iluminem
esta nossa Casa, pois às vezes ela está muito pesada, porque aqui é o
desaguadouro de problemas e onde nós temos a junção de muitos problemas.
Somente com a presença de Deus, com a luz daquEle que nós não enxergamos, mas
sabemos que existe neste universo, e em quantos e quantos mundos ele pode
estar...
Em nome dEle, a todos vocês que fazem a
Paróquia São Sebastião, um beijo no coração de cada um. Vão com Deus, que Ele
também fique aqui e que esteja em todos os lugares onde nós estivermos,
evitando os males e afastando do coração do homem aquilo que se chama
violência, aquilo que, decididamente, não tem o dedo dEle, não tem o dedo de
Deus. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais oradores
inscritos. Ouviremos, a seguir, a música intitulada “A Padroeira”, executada
pela Cantora Ada Helena Lucaora Pauli.
(Assiste-se à
apresentação.) (Palmas.)
Ouviremos, a seguir, o Hino a São
Sebastião.
(Executa-se o Hino a São Sebastião pelo
Grupo de Canto São Sebastião.)
O Padre Leandro Miguel Chiarello está com
a palavra.
O
SR. LEANDRO MIGUEL CHIARELLO: Sr. Presidente,
prezados irmãos e irmãs, ao comemorarmos os 70 anos da Paróquia São Sebastião
Mártir de Petrópolis, queremos, como nos ensina o Papa João Paulo II, lembrar
com gratidão o passado, viver com paixão o presente e abrir com confiança o
futuro. Por isso, nestes dias, queremos olhar para o passado e visualizar todo
trabalho realizado, ao longo desse tempo, por homens e mulheres abnegados e
abnegadas que nos legaram a sua história de fé, de amor, justiça e caridade,
lembrando aqui a figura do inesquecível Cônego Alfredo Oddy e do Monsenhor
Avelino Dalla Vecchia. Viver com paixão o presente, trabalhar para a glória de
Deus, a edificação da Igreja e a salvação de todos, criados a imagem e
semelhança de Deus. Abrir-se para o futuro, empenhando-nos no anúncio da
mensagem evangélica, que é verdade salvífica para a humanidade.
Nesses 70 anos, muitas coisas aconteceram
em Petrópolis: o crescimento populacional, o desenvolvimento do comércio, a
intensa movimentação urbana, a centralidade que passou a ocupar o nosso Bairro
no cenário da grande Capital. Tudo realizado sob a sombra da torre da nossa
Igreja que, por desígnio de Deus e da história, ergue-se no seu ponto central e
mais elevado. Não podemos falar de Petrópolis, sem falarmos da Paróquia São
Sebastião, cujas histórias se entrelaçam.
Prezados senhores e senhoras, em nome da
Paróquia São Sebastião Mártir, queremos agradecer a nossa Cidade por este gesto
significativo, a esta Câmara e a todos os representantes do Povo, pelo
reconhecimento e implorar que o glorioso Mártir São Sebastião, nosso padroeiro,
derrame sobre Petrópolis e sobre toda a nossa Cidade, de um modo particular
sobre esta Casa, as mais abundantes bênçãos do céu. O nosso muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Neste momento, encerro
o Grande Expediente do dia de hoje.
Agradeço as presenças ilustres do Padre
Leandro Miguel Chiarello, do Padre Pedro Alberto Kunrath, do Monsenhor Sérgio
Dilécio Gambin, do meu conterrâneo e amigo Eduardo Viana Pinto.
Cumprimento o Ver. Beto
Moesch pela iniciativa. Agradeço a todos e a cada um pela presença, inclusive,
aqueles que, com suas vozes maravilhosas, nos deram um pouco de tranqüilidade,
um pouco de relaxamento, esperando que o Hino de São Sebastião ajude a iluminar
as mentes neste plenário. Agradeço a todos, saúde e paz!
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h38min.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às 15h40min):
Estão reabertos os trabalhos.
Solicito à Diretoria Legislativa que, à
semelhança do que ocorreu no último Grande Expediente destinado a homenagear
uma entidade, os oradores que não fizeram uso da palavra hoje passem para o
próximo Grande Expediente.
O
SR. NEREU D’AVILA (Questão de Ordem): Não, exatamente era
sobre isso que eu ia reivindicar o
meu tempo para falar hoje, mas, se V. Exa. está transferindo para outro dia,
está assegurado o meu tempo, porque não é justo que se perca o tempo em função
de... mas, de qualquer maneira, eu agradeço a Vossa Excelência.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu também agradeço a
atenção de Vossa Excelência.
O Ver. Nereu D'Avila está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, João Antonio Dib; Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras, aconteceu ontem o que por nós já era esperado,
ou seja, os jornais de hoje todos publicaram, mas dou destaque a esta manchete
do jornal Correio do Povo de hoje, manchete de página: (Lê.) “Confronto
generalizado no Mercado” - logo abaixo - “Cerca de 50 ambulantes e 10 guardas e
fiscais lutaram dentro e fora do prédio apavorando transeuntes”. Diz a notícia:
“O confronto entre ambulantes, fiscais da SMIC e guardas municipais apavorou
pedestres e causou tumulto no final da tarde de ontem, no entorno e no interior
do Mercado Público, na Capital, por volta das 17h30min. Encurralados e
recebendo pedradas, socos e chutes, os funcionários municipais fugiram por
dentro do Mercado Público, sendo perseguidos por diversos ambulantes. Em frente
à Prefeitura, um dos guardas acabou caindo e foi agredido por pelo menos oito
camelôs. Ele foi socorrido com a chegada de outro guarda que conseguiu afastar
e dispersar os agressores. O servidor agredido foi levado, às pressas, para o
Hospital de Pronto Socorro HPS, onde permaneceu, até a noite de ontem, na sala
de sutura. Outro guarda com ferimentos na cabeça também foi encaminhado ao HPS,
tratado e liberado. Revoltado com o fato, o Presidente da Associação do Sindicato
do Trânsito (azuizinhos), Marcelo Pogozelski, criticou duramente a política
adotada pela Prefeitura: ‘Não há um programa de segurança para fiscais de
trânsito - assegurou -, para a SMIC ou para os guardas, estamos atendendo a
vaidades políticas.’ Salientou que os servidores não têm preparação técnica e
material para lutar. A Secretária Municipal dos Direitos Humanos e Segurança,
Helena Bonumá, ressaltou que o trabalho da Guarda tem apenas dois meses e ainda
está em formação”. Uma gracinha as declarações da nobre Secretária Helena
Bonumá. Agora leio as suas declarações: “Haverá novos cursos de defesa pessoal,
de psicologia e até de artes” - eu só espero que não haja curso de balé - “Em
operações mais complexas - argumenta ela - a BM estará presente”.
Ora, a BM já foi retirada do Centro, e
está a cargo dos guardas municipais. O que eu acho incongruente, e até já
escrevi um artigo no jornal Correio do Povo, é que diante do perigo, chamam-se
os PMs, eles estão armados, estão devidamente preparados para esse tipo de
conflito. É evidente que nenhum tresloucado vai pregar ou incentivar qualquer
violência. Agora, é claro que eles vão estar sempre em número menor, há apenas
24 guardas municipais no Centro, como havia 20 PMs. Vão estar sempre em
desvantagem. Não adianta curso. Se, por exemplo, alguém está armado e dá um
tiro para cima, dissolve... E para isso eles são adestrados. É evidente que não
se quer nenhum ferimento de morte, mas é o que vai acabar ocorrendo, pela
ingenuidade de não armar os guardas municipais. Os PMs estão todos armados, mas
eles estão substituindo os PMs, com o mesmo perigo, na mesma situação de
conflito, na mesma tensão e com as mesmas atribuições. Aliás, com atribuições
maiores ainda do que as dos PMs, porque os PMs não têm o poder, por exemplo, do
fiscal da SMIC, de retirar a mercadoria irregular, e aí, retirada, o guarda
entra e leva... E não é a primeira vez que há guardas municipais feridos no
Centro.
Então, eu acho que adestramento,
psicologia, tudo isso está bom, está certo. Agora, tem de prepará-los
inclusive, não só com defesa pessoal, mas com a materialidade de coletes à
prova de balas, inclusive com a função de andarem armados. Não é só eu que digo
isso, a própria Procuradoria do Município, em longo e brilhante Parecer que
teve a concordância do Sr. Procurador-Geral Rogério Favreto, já abordado por
mim em artigos e aqui desta tribuna, assegura que é específico o Parecer em
relação à situação dos guardas municipais, que fazem o papel de agentes
públicos.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Por favor, conclua,
nobre Vereador.
O
SR. NEREU D'AVILA: Para proteger os guardas da SMIC, há que
ter armas, há que ter de porte de arma.
Por isso, Sr. Presidente, encerro
perguntando: até quando vamos dar guarida à insensatez? O próprio Presidente
dos “azuizinhos” protesta, por quê? Porque a insensatez vai levar à morte.
E eu estou, aqui da tribuna, clamando que
a Prefeitura evite que se chegue a esse termo final. Muito obrigado, Sr.
Presidente, pela tolerância.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos às
O Ver. Valdir Caetano está com a palavra
em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Wilton Araújo está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Zé Valdir está com a palavra em Comunicações.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, hoje nós nos deparamos com uma notícia, na página 6, do jornal Zero
Hora, com o título: “Subsecretário ganha vaga de servente”. Se nós nos
aprofundarmos na notícia, na verdade, foram três os detentores de cargos do
segundo escalão do Governo Rigotto que fizeram concurso para manutenção de
infra-estrutura, Agente Educacional 1, que é o concurso para servente de
escola. O servente de escola o que é que faz? Faz a manutenção, a limpeza das
salas, banheiros, quadras de esportes e equipamentos das escolas estaduais.
Essa notícia poderia ser menos
interessante, se a gente não tivesse os dados sobre a qualificação desses três
candidatos. O Dilan Camargo é Secretário-Adjunto de Cultura, advogado, 28 anos
como CC, e pós-graduado em Ciência Política. O Luiz Carlos Leivas Mello – esse
classificado em sexto lugar, o Dilan foi em segundo – é Chefe de Gabinete do
Governador, técnico em eletrônica, e o João Carlos Mocellin é Assessor do Palácio
Piratini e administrador de empresas - esse foi o terceiro classificado.
Esse concurso é para um
cargo em que o salário é de 300 reais. Por que será que fizeram? O jornal
explica. É que, fazendo concurso, eles podem somar todos os avanços e FGs
recebidos até agora e passar a ter um salário maior. Diz o artigo da Rosane
Oliveira, também do jornal Zero Hora, que isso é legal, que não há nenhuma
irregularidade nisso.
Por que é que eu estou
levantando isso aqui? Porque ah, se fosse no tempo do Olívio! Ah, se fosse no
tempo do Olívio isso aqui! Aliás, é bom lembrar isso, porque os jornais não
lembram de como, no passado, trataram matérias semelhantes. No Governo do
Tarso, quando Vicente Rauber, que era membro do Governo, fez concurso para o
DMAE - ele, que é de curso superior, fez concurso na área de curso superior,
não foi para servente - e passou no concurso, veio uma saraivada, uma saraivada
do jornal Zero Hora! O jornal Zero Hora não veio dizendo que era legal. Veio
uma saraivada de tudo quanto é coisa! Foi uma semana de estardalhaço e de
manchetes no jornal Zero Hora! E o que é que aconteceu? O Vicente inclusive não
assumiu, embora fosse legal ele ter feito o concurso! Mostro isso só para
apontar os “dois pesos e duas medidas” desta Casa, que fez um estardalhaço
também.
Agora há um silêncio
absoluto, como é o silêncio sobre a Segurança, de que ninguém fala nesta Casa e
sobre que o jornal Zero Hora e a RBS apenas se limitam a dar a notícia - porque
também não podem deixar de dar notícia –, seca, solteira, sem nenhuma crítica.
Agora tudo é normal!
Aliás, aqui neste microfone, há uma
semana, veio um Vereador dizer que era um absurdo o Lula estar nomeando para os
cargos! O PT não pode nomear os cargos?! O PT não pode nomear os CCs?! E
absurdo maior, dizia ele, é que nós estávamos usando verba pública, quando nós
temos uma Lei interna no Partido, pela qual todo mundo tem de dar 30% do
salário - isso é uma lei interna!
(Aparte anti-regimental.)
Aparelhando “uma ova”, Vereador. Com o
dinheiro que o senhor recebe como Vereador, V. Exa. pode comprar uma geladeira
e dar para quem quiser, pode até dar para o seu Partido, isso é um problema
pessoal, de cada um. Então, esse é o tipo de argumento, de falácia, falácia
argumentativa que se usa aqui nesta Casa. O PT ganha o Governo e não pode
nomear os cargos! Fazem um escândalo! Quando Vicente Rauber fez concurso era um
escândalo! Agora, três membros do Governo Rigotto fazem um concurso para
servente quando são advogados, e aí é tudo normal, tudo normal! “Não há
irregularidade.” Nada como um dia depois do outro! E como se fazem argumentos
falaciosos nesta tribuna e em outros locais por aí!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Aldacir
Oliboni está com a palavra em Comunicações.
O
SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, queria lembrar aqui que, no dia 5 de
setembro, nós comemorávamos – estamos comemorando, na verdade, nesta semana – a
implementação de serviço de grande cunho social aqui no País, que é a
implementação dos Alcoólatras Anônimos, que constituem, no Brasil, mais de seis
mil grupos; aqui no Estado do Rio Grande do Sul, são 380 grupos e, em Porto
Alegre, são 39 grupos. Nós sabemos que esses grupos, que trabalham na
conscientização e na recuperação dos viciados, seja em álcool ou drogas, fazem
um serviço voluntário nas cidades em que se constituem e, na verdade, muito
pouco são lembrados. Seja por intermédio da Cruz Vermelha ou de outras ONGs,
eles fazem um excelente trabalho para colaborar com aqueles que precisam muito
da nossa palavra e, acima de tudo, do nosso apoio para sair do vício.
Quero lembrar também que, ontem, numa
reunião com o Governo Municipal de Porto Alegre e com o Governo Municipal de
Viamão, conseguiram fazer um acordo para a implementação do Brique do Parque
Saint-Hilaire, Projeto esse aprovado aqui na Câmara de Vereadores, sancionado
pelo Prefeito Municipal de Porto Alegre, João Verle. A partir do dia 30 de
novembro, será constituído, então, o novo Brique do Saint-Hilaire, que terá a
participação de artesãos de Viamão e de Porto Alegre, contemplando também uma
demanda, de muito tempo, dos índios caingangues da Lomba do Pinheiro. Então, no
dia 30 de novembro, teremos um grande ato na inauguração desse Brique, no Parque
Saint’Hilaire, que fica na divisa de Viamão.
Como Presidente da CEFOR - Comissão de
Economia, Finanças, Orçamento e Mercosul -, nós também queremos informar que,
até a última reunião, nós estávamos atendendo a uma solicitação dos Vereadores
que participam da Comissão, mas que, a partir da próxima terça-feira, nós
estaremos discutindo o financiamento da cidade Porto Alegre. Estaremos
convidando todo o Secretariado. Em cada terça-feira, estará aqui um Secretário
para nos falar sobre projetos estratégicos para a cidade Porto Alegre. Sabemos
nós que muitos Projetos aqui se tornam polêmicos exatamente por falta de
conhecimento. A CEFOR oportunizará aos Vereadores e à comunidade que quiser
participar a explanação desses Projetos que aqui serão implementados e
visivelmente colocados para todos os Vereadores que quiserem acompanhar.
Queremos também tranqüilizar os
funcionários do Grupo Hospitalar Conceição – GHC -, que passam por um momento
de turbulência e falta de informação com relação ao empenho da nova Diretoria,
que quer transformar essa instituição em uma autarquia federal. Isso
possibilitará a segurança, não só dos salários, mas dos benefícios e conquistas
dos seus trabalhadores, como também poderá fazer algo que todos os Governos
poderiam fazer: assegurar não só os direitos que foram conquistados ao longo
dos anos como também a possibilidade de transformar os funcionários celetistas
em funcionários estatutários, não havendo nenhuma perda, nem de salário, nem de
demissão. Essa discussão, feita com a nova Direção do Grupo Hospitalar
Conceição, está aberta para o conjunto de cidadãos e cidadãs para melhorar e
qualificar o atendimento na área da saúde em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
antigamente as bandinhas do Interior que tocavam aquelas marchas batidas, como
as chamavam, tinham o apelido de “bandinhas furiosas”. Pois nós temos a
reprodução dos pronunciamentos furiosos que ouvimos aqui, e é como na Fábula de
Esopo, em que a raposa dizia que as uvas estavam muito verdes e nem os cães
podiam tragá-las. As uvas estavam muito verdes! Ou nós chamamos isso de dor-de-cotovelo!
Ontem, eu participei de
uma assembléia no Grupo Hospitalar Conceição junto com o Ver. Sebastião Melo.
Essa assembléia foi organizada pelos funcionários. Vazou da Direção a intenção
de transformar o Grupo Hospitalar em autarquia. Circulou por todo o hospital,
inclusive na Associação dos Médicos, um projeto de uma medida provisória para
transformar o Grupo Hospitalar Conceição em autarquia. Hoje, o Grupo Hospitalar
Conceição é dirigido pelo Superintendente João Motta, que foi o nosso colega,
nosso Vereador. Há uma insegurança muito grande, uma boataria imensa, e as
notícias nos jornais, as entrevistas, inclusive do próprio
Presidente-Superintendente João Motta e do Administrador Dr. Barichello,
provocam uma extrema insegurança nos funcionários, porque estão anunciadas
demissões em massa, demissões de aposentados. Nós consultamos advogados, e eles
disseram que não pode ser feita a mudança para autarquia, sem uma lei criando
uma autarquia. A medida provisória não é o documento hábil.
Em segundo lugar, os
funcionários ficam muito preocupados, porque a grande maioria deles são pessoas
de muitos anos nesse hospital, deram a sua vida por esse hospital, deram uma
parte muito grande da sua existência na luta contra a doença, especialmente
atendendo às pessoas de baixa, média e nenhuma renda. E o Sr. Diretor
Administrativo, Dr. Barichello, disse que agora a administração visaria lucro.
O Grupo Hospitalar Conceição é feito pelo trabalho imenso das pessoas que estão
lá. É testemunha disso o nosso Ver. Aldacir Oliboni, que foi um excelente
funcionário, de grandes serviços prestados, e o Ver. Juarez Pinheiro, que foi
Diretor. V. Exas. sabem que lá é o reduto, é o esteio do atendimento dessas
pessoas de baixa, média e nenhuma renda. Essas pessoas, se não tiverem o Hospital
Conceição, não têm outro hospital.
A melhor forma de
distribuir a renda no País é colocar o dinheiro na área da saúde. Não se pode
avaliar a importância do Hospital Conceição por maquiagem de balanço, vamos
falar para deixar a receita igual a despesa? Não! Saúde tem de ter esse
prejuízo financeiro aparente. O importantíssimo lucro social, o superávit
fantástico da felicidade social, da confiança numa instituição, que é,
indiscutivelmente, uma das melhores instituições deste País e que presta um serviço
inestimável, não pode ser avaliado por balanços, por questões só financeiras.
É evidente que tem de haver austeridade
no serviço público, mas o que não se pode é pensar ainda, sob qualquer aspecto,
em lucratividade, quando somos presididos por um Sistema Único de Saúde.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra em Comunicações por cedência de tempo do Ver. Almerindo
Filho.
O
SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também pela
TVCÂMARA, minha saudação a todos. Eu quero, primeiramente, agradecer ao Ver.
Almerindo Filho por ter-me concedido o seu tempo e também a Ver.ª Maristela
Maffei que me cedeu o seu tempo, no Grande Expediente, para homenagear a
Paróquia São Sebastião.
Eu chamo a atenção dos nobres colegas
desta Casa para o assunto que vou abordar neste momento. Nas ruas da nossa
Cidade parece que há pessoas que comandam as ruas. Na semana passada, mais ou menos,
às 14 horas, eu fui ao Hospital Mãe de Deus e lá, como em quase todas as ruas,
os guardadores de automóveis estão pedindo, cobrando - não vou generalizar que
todas essas pessoas que estão nas ruas de Porto Alegre são pessoas ruins, há
pessoas boas. Eu faço essa denúncia, porque o que está acontecendo é um
verdadeiro abuso. Depois, eu fui a outras ruas, onde os guardadores de
automóveis determinam quanto temos de pagar, depois fui próximo a Zero Hora e
aconteceu a mesma coisa.
Eu tenho recebido muitas reclamações de
pessoas que inclusive têm medo de denunciar, porque têm uma determinada
convivência em algumas regiões e todos os dias, ou algumas vezes por semana,
estacionam lá o seu veículo, e os guardadores, que mudam muito de um lugar para
o outro, determinam o valor a ser cobrado. E as pessoas que não concordam, meu
caro Presidente Ver. João Antonio Dib, são ameaçadas.
Mas pasmem, aonde eu quero chegar. Meu
caro Líder da Bancada do PT, Ver. Marcelo Danéris, jovem promissor Vereador, eu
gostaria que V. Exa. até se pronunciasse. A EPTC, que deveria dar o exemplo,
está fechando algumas áreas, como acontece próximo à Câmara Municipal. Eu tenho
recebido diversas reclamações. Numa área pública, a EPTC fechou uma área e
cobra estacionamento: três a cinco reais! Sinceramente, as pessoas me trouxeram
ontem essa denúncia, e eu fui verificar, Ver. Wilton Araújo. Está aqui, se
alguém duvida, próximo à Câmara de Vereadores, a Casa do Povo, a EPTC fechou
uma determinada área e está cobrando estacionamento! Mas o que é público nesta
Cidade? As vias públicas foram tomadas para alguém, e a EPTC agora também faz a
mesma coisa.
O
Sr. Wilton Araújo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu também sou testemunha de que a EPTC, em área de parque, em área
que não pode ser destinada para estacionamento público, fechou parte de um
parque, cercou e está cobrando ingresso. Então, a ganância, a vontade de
receber, de ganhar, é, acima de tudo, lamentável, por parte do município de
Porto Alegre.
O
SR. ERVINO BESSON: Obrigado, Ver. Wilton Araújo.
Sinceramente eu não consigo entender mais nada! O que está acontecendo nesta
Cidade? São absurdos! E as pessoas não têm a quem recorrer. Socorrem-se da
Câmara Municipal, como várias pessoas que vieram aqui pedir socorro a este
Vereador. Encerro o meu pronunciamento e gostaria de ouvir o Líder da Bancada
do PT. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch
está com uma palavra em Comunicações.
O
SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, nós continuamos com um sério problema na cidade de Porto Alegre, e
a Tribuna Popular tratou da participação popular. Amanhã, a Comissão de Saúde e
Meio Ambiente, a Comissão de Finanças e Orçamento, a Comissão de Constituição e
Justiça vão realizar, pela segunda vez, uma reunião sobre a cobrança, Ver.
Wilton Araújo, pelo uso do solo, do subsolo e do espaço aéreo na cidade de
Porto Alegre. Uma prática muito bem feita no Rio de Janeiro, por exemplo. Lá
funcionou e continua funcionando muito bem.
Nós temos uma Lei Ordinária aprovada por
esta Casa na Legislatura passada, que, com razão, deu a oportunidade para se
instituir na Cidade um princípio - qual seja - o princípio do usuário-pagador,
Ver. João Carlos Nedel. E é verdade, esse é o princípio fundamental do Direito
Ambiental, não só brasileiro, mas em todo o mundo. Há uma infra-estrutura
urbana sendo utilizada e que o Município, ou seja, a sociedade cobra pelo seu
uso. Até aí, tudo bem. Princípio usuário-pagador.
O grande problema são os decretos
regulamentadores que regularizam a Lei, que passou pelo processo legislativo,
porque todo Projeto de Lei passa pelo processo legislativo, do qual a sociedade
tem a oportunidade de participar. A participação da sociedade no processo
decisório tem de ser efetiva, real, não com meras audiências públicas, mas como
numa reunião de uma comissão técnica permanente de um Parlamento, por exemplo,
onde se sugere, aponta-se. Os decretos regulamentadores não promoveram as
discussões com a sociedade. A sociedade não está sabendo da cobrança por esse
uso, como deveria, e quem está tendo de pagar está agora assustado com a
cobrança, inclusive, retroativa, de agosto para janeiro de 2001.
Então, está-se abusando de um princípio
que nós concordamos, o do usuário-pagador, e mais: não nos foi registrado e não
nos foi dito para onde estão indo os recursos. Isso teria que ir para um fundo,
para, dentro desse princípio do usuário-pagador, os recursos serem alocados e
investidos na infra-estrutura da Cidade, nas calçadas, na rua, na
infra-estrutura de energia, de telecomunicações, do gasoduto, do gás e assim
por diante. Isso não está claro.
Então, faremos uma segunda reunião
amanhã. Quero chamar a atenção de todos os Vereadores, a Comissão de Finanças,
integrada pelo Ver. João Carlos Nedel, faz parte.
O
Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Beto Moesch, quero cumprimentá-lo pela oportunidade da
discussão. Estou preocupadíssimo, porque esta Casa aprovou a Lei e não deu
parâmetros e nem limites à cobrança, e o cálculo de cobrança ninguém entende.
Meus cumprimentos. É importante que V. Exa. esteja levantando e propondo esta
discussão, porque o consumidor é que vai pagar, e isso é muito sério. Na
verdade, é mais um imposto que vem aumentar a carga tributária dos
contribuintes. Parabéns.
O
SR. BETO MOESCH: Obrigado, Ver. João Carlos Nedel.
Portanto, nós faremos essa segunda reunião, e já temos uma terceira reunião
marcada para quarta-feira, às 10 horas, Reunião Conjunta entre as três
Comissões, pela importância do tema, pela amplitude do tema, por dizer respeito
ao consumidor, à infra-estrutura da Cidade, à qualidade de vida da Cidade. Nós
estamos lidando com o solo, o subsolo, o espaço aéreo, que devem, sim, ser disciplinados,
mas os recursos arrecadados devem ser alocados na própria infra-estrutura, nas
calçadas, nas ruas, na paisagem da Cidade como um todo, porque, senão, não faz
sentido, o princípio usuário-pagador perde completamente o sentido.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: V. Exa. permite um aparte?
O
SR. BETO MOESCH: Desculpe-me, Ver.ª Maristela Maffei, mas
é que já está encerrando o meu tempo.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. MARISTELA MAFFEI (Requerimento): Como se trata de
questão de urbanização, solicito que a CUTHAB também se integre nessa discussão
tão importante para a nossa Cidade.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): É importante a
colaboração de V. Exa., e é acolhida pelo Presidente da COSMAM.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Obrigada.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra em Comunicações.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, venho falar um pouco da nossa Comissão Especial, que trata da
questão da violência relativa à criança e ao adolescente, seja a questão do
abuso sexual, a exploração sexual, seja a questão de drogas e crianças em
situação de risco. É amplo, mas uma coisa leva à outra.
Ontem, os Vereadores tiveram oportunidade
de se reunir. Trocamos idéias quanto à metodologia que esta Comissão vai adotar
pelos próximos 90 dias. Ficou acordado que as reuniões serão sempre às
quartas-feiras, das 11 horas até às 12h30min. Nesta primeira semana, vamos
trazer o Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente, o Fórum de
Entidades e mais a Delegacia Estadual da Criança e do Adolescente, para
começarmos a verificar a problemática quantitativa que existe em Porto Alegre.
Hoje, esta Comissão vai visitar o Viaduto
Leopoldina para manter contato com os jovens e adolescentes que vivem na rua e
com uma situação diferenciada, são jovens que vivem na rua e que estão
constituindo famílias também na rua. Nós temos que ter, cada vez mais, um olhar
atento sobre isso, porque a população, de uma maneira geral, tem que participar.
Não basta apenas políticas públicas, e eu tenho certeza de que esta Comissão
Especial - tendo como Relatora a Ver.ª Maria Celeste e como Vice-Presidente o
Ver. Ervino Besson - vai criar situações propositivas, mas essa discussão tem
de passar pela sociedade como um todo, ou seja, não só pelo Poder Público, tem
de passar pela sociedade para mostrar que ela também tem de fazer a sua parte,
ou seja, ela não pode ser omissa. Quando se conseguir constatar, num
determinado local, por exemplo, que está havendo exploração sexual de crianças
e adolescentes, imediatamente, deve-se entrar em contato com a Brigada Militar,
com a Polícia Civil, porque aí teremos condições, talvez, de estar salvando uma
vida.
A mesma coisa é em relação ao abuso
sexual, e esse é um tema que temos que discutir, porque os dados confirmam que
a maioria dos casos de abuso sexual ocorre dentro da família e, muitas vezes,
isso não é denunciado, e essas crianças acabam ficando traumatizadas pelo resto
de suas vidas. Então, hoje, de maneira clara, temos de discutir isso com a
sociedade, existem políticas públicas, propositivas em cima disso. Em alguns
lares, onde a mãe constata que o seu filho, a sua filha, sofreu abuso por
parte, ou do pai da criança, ou de um padrasto, ou de um sobrinho, ou de um
primo, ela é afastada da família, vai para uma Casa de Passagem, e essa criança
entra num processo de tratamento.
Então, o que nós queremos nesta Comissão
é, por 90 dias, até o dia 1º de dezembro, fazer uma ampla discussão com a
sociedade porto-alegrense, com as famílias, com o Poder Público, com aqueles
que vivem essa problemática no dia-a-dia, para que possamos traçar um perfil
quantitativo. De maneira clara, que a Comissão possa encaminhar sugestões ao
Executivo e, ao mesmo tempo, durante esses 90 dias, possa discutir com a
sociedade, mostrar de forma mais clara que essas questões não podem ser
menosprezadas ou ficar num segundo plano; pelo contrário, tenho a certeza de
que, cada vez que nós discutirmos essa problemática, estaremos dando a oportunidade
de salvar alguma vida.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver.
Carlos Pestana.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, eu quero fazer um feliz registro nesta Casa: a direção do Grupo
Hospitalar Conceição vem tomando medidas positivas, medidas afirmativas no
sentido de transformar essa instituição gaúcha, federal, da maior importância
para os cidadãos de Porto Alegre, da Grande Porto Alegre e do Rio Grande, que
buscam referência especializada, no sentido de transformar esse hospital num
hospital público, num hospital dos gaúchos, num hospital do povo. E essas
medidas estão coladas em medidas de garantia de emprego, de garantia de
salário, mas, fundamentalmente, do que nós vínhamos disputando em todos esses
anos, na garantia, Ver. João Bosco Vaz, de que esses hospitais, de fato, sejam
públicos e não fiquem à mercê de um governo que possa privatizá-los. Governos
anteriores deixaram o Hospital Conceição na reserva, mantendo sua estrutura
como a de entidade privada, para que, dependendo das negociações, pudesse ser
vendido e entregue à iniciativa de mercado na área da saúde. Essa era a
trajetória.
Felizmente, com a eleição do Governo
Lula, esse Grupo Hospitalar terá outro caminho, o de se transformar numa
autarquia, com o controle dos trabalhadores, com o controle dos usuários, com o
controle do Governo, portanto com o controle público. Será um ganho para a
sociedade, um ganho para os trabalhadores do Grupo Hospitalar Conceição, mas,
centralmente, um ganho para o Sistema Único de Saúde. Os serviços, antes
privatizados, que entravam pela “porta dos fundos”, via convênios, via
atendimentos particulares, não existem mais. A partir da administração do
Superintendente João Motta, aquele hospital é 100% público, um serviço entregue
à cidadania desta Cidade. Já formalizamos à Presidência o convite para o
comparecimento do Superintendente João Motta a esta Casa, para apresentar todo
o projeto de reordenamento do Grupo Hospitalar Conceição, porque é uma vitória
para os gaúchos, para o povo transformar aquela instituição em pública, tendo
garantido o atendimento pelo SUS.
O
Sr. Aldacir Oliboni: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador Renato Guimarães, agradeço pelo aparte. Queremos passar
para o Ver. Cláudio Sebenelo um informativo do GHC, tranqüilizando o Vereador,
que quem está implementando a discórdia lá são algumas pessoas que não têm
conhecimento de causa. Essa idéia de transformar o Grupo Hospitalar Conceição
em instituição federal é exatamente para fazer o regramento de problemas lá
existentes, por exemplo, havia lá 1,52% de atendimento particular sendo feito
por iniciativa de alguns médicos.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Devido a isso tudo é que solicitamos o
comparecimento do Superintendente do Grupo Hospitalar Conceição Sr. João Motta,
para que essas questões sejam esclarecidas em detalhes para nós.
O que gostaríamos de deixar aqui
registrado é que o Grupo Hospitalar Conceição, a partir da iniciativa do
Governo Lula e dos dirigentes do Rio Grande do Sul, passa a ser um hospital
público, de garantia de atendimento pelo Sistema Único de Saúde. É uma vitória,
é um ganho da população. É isso que nós queremos deixar aqui como registro. A
sociedade ganha com isso, Ver.ª Margarete Moraes, porque nós acabamos com
aquela situação irregular, que abria margem para a venda do Hospital Cristo
Redentor, do Hospital Fêmina e passamos a ter uma garantia de que vamos ter um
Grupo Hospitalar que compõe o Hospital da Criança, o Hospital Fêmina e o
Hospital Cristo Redentor, na garantia do povo, sustentado pelo dinheiro do
povo, mas, centralmente, voltado 100% para o atendimento do povo. O povo gaúcho
ganha, esse hospital ganha, os trabalhadores ganham e a sociedade ganha. Viva o
“Conceição”! Viva, no nosso entendimento, da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, essa forte medida dos dirigentes, transformando esse hospital
numa autarquia pública.
(Não revisto pelo orador.)
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com
aparte)
2.ª
SESSÃO
PROC. 4105/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 236/03, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Luiz Carlos de Oliveira Santos (Butiaco)
um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC. 4107/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 238/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
denomina Praça Valderez de Castilhos Pedro um logradouro público cadastrado,
localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC. 4124/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 241/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Padre Clemente Steffen um logradouro
público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4179/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 254/03, de autoria do
Ver. Carlos Pestana, que denomina Rua Anita Ramos Gonzáles um logradouro
público cadastrado, localizado no Bairro Restinga.
PROC. 4189/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 256/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Jose Soares Bandeira um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 4205/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 073/03, de autoria do Ver. Zé
Valdir, que concede o título honorífico de Líder Comunitário ao Senhor Carlos
Henrique Nogueira.
PROC. 4209/03 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 038/03, que declara de
utilidade pública a Fundação de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário -
FAESP.
PROC. 4221/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 257/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua João Pedro Batista um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 4250/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 271/03, de autoria do
Ver. Darci Campani, que institui o Dia Municipal dos Surdos.
PROC. 4328/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 319/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Doralina Kilca Fidelis um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
3.ª
SESSÃO
PROC. 3788/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 067/03, de autoria da Ver.ª
Margarete Moraes, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto
Alegre ao Advogado Renato Malcon.
PROC. 3979/03 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 007/03, que acrescenta o inciso XXV ao art. 197 e o
inciso III ao art. 206, altera o inciso X do art. 207 e acrescenta o art. 207 -
A, da Lei Complementar n.º 133, de 31 de dezembro de 1985, que estabelece o
Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre.
PROC. 4099/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 232/03, de autoria do
Ver. Cláudio Sebenelo, que denomina Praça Jorge Escobar Pereira Lima um
logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Vila Nova.
PROC. 4103/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 234/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Soledade Nunes de Carvalho um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 4104/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 235/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Paulo Guilherme Lourenço um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro
Lomba do Pinheiro.
PROC. 4111/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 239/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Eldson Conceição de Araújo um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 4157/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 251/03, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Leonyr da Silva um logradouro
não-cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. 4168/03 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 071/03, de autoria dos
Vereadores Aldacir Oliboni e Carlos Alberto Garcia, que concede o troféu Honra
ao Mérito à Livraria do Globo S/A.
PROC. 4172/03 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 252/03, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Av. Ecoville um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. 4208/03 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 037/03, que declara de
utilidade pública a Associação de Amparo ao Homem do Interior - ASSAHI.
4.ª
SESSÃO
PROC. 1018/03 -
SUBSTITUTIVO N.º 01, que inclui dispositivo na Resolução n.º
1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores (Regimento da Câmara
Municipal de Porto Alegre), ao PROJETO
DE RESOLUÇÃO N.º 014/03, ambos de autoria do Ver. Raul Carrion.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete
Moraes está com a palavra para discutir a Pauta.
A
SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, neste momento, eu gostaria de defender um Projeto de minha autoria,
que concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre, conferido
por esta Casa, ao Dr. Renato Malcon. Uma figura, uma personalidade reconhecida
pela nossa sociedade, uma pessoa vitoriosa, pessoal e profissionalmente, mas,
sobretudo, uma figura preocupada com a sua comunidade, preocupada com as
questões do seu tempo. Isso pode ser provado na sua participação na Prefeitura
de Porto Alegre e, nos últimos anos, com a sua participação na Bienal do Mercosul,
desde a primeira edição.
Eu quero, também, fazer uma referência ao
Sr. Justo Werlang, primeiro Presidente da Bienal, além de ser um colecionador,
um mecenas, um amante das artes da cultura, trata-se de um ativista cultural,
de um curador, de um crítico de arte, e ao Dr. Ivo Nesralla, que foi o segundo
Presidente da Bienal, trabalhou em duas edições e, exatamente hoje, lançou uma
pedra simbólica da construção do novo Teatro da Ospa.
Na quarta edição, a Bienal tem como seu
Presidente o Dr. Renato Malcon. É importante que a Cidade compreenda que se
trata do maior e mais consolidado, mais qualificado evento de artes plásticas
que a nossa Cidade abriga, é exatamente o momento em que Porto Alegre se
converte numa grande galeria de arte, num grande museu ao ar livre, em que a
arte fica à altura dos olhos das pessoas, ao alcance das mãos de qualquer um. A
idéia essencial da Bienal, desde a primeira edição, é de oferecer uma grande
mostra de artes plásticas, de arte contemporânea latino-americana, a partir das
raízes comuns da América Latina.
Neste ano, está prevista
para a Bienal uma verba de nove milhões de reais. Esse evento é realizado pela
Fundação Bienal, conta com o apoio das empresas, mas também com o apoio
público, por meio das Leis de Incentivo à Cultura, Ver. João Carlos Nedel. Eu
quero dizer, com muita satisfação, que o Ministério da Cultura, que o Governo
Lula, por meio das estatais, da REFAP, da Petrobras, já está comprometido com o
financiamento da Bienal.
O
Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Eu quero cumprimentar V. Exa. pela oportunidade do seu Projeto,
concedendo o Título de Cidadão Emérito a Renato Malcon, pela sua contribuição
às artes e à melhoria da nossa sociedade. Parabéns.
A
SRA. MARGARETE MORAES: Obrigada. Queria convidar a todas as
pessoas: a Bienal acontece de 04 de outubro a 07 de dezembro e, este ano, conta
com a curadoria de Nelson Aguilar, que pretende fazer um vínculo entre as
origens das artes na América Latina nos dias atuais. E entre as grandes
atrações da Bienal, gostaria de recomendar a obra do muralista mexicano Orozco.
Também haverá uma homenagem a Simão Bolívar, “O Libertador”, por meio de várias
linguagens artísticas, de pinturas, esculturas, fotografias. Os artistas
contemporâneos, eu queria simbolizar na figura da Lia Menna Barreto. Também
quero fazer uma referência à ação pedagógica, combinada com a rede municipal e
estadual de ensino, que vai trabalhar com 300 mil crianças, para que tenham
acesso a esse universo simbólico tão importante, tão necessário, que é o
universo da arte, e que, nesse caso, respeita a arte como ela é, ou seja,
inquieta, incompleta, inconformada, vibrante, na frente de seu tempo.
O
Sr. Beto Moesch: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Eu quero parabenizá-la por estar anunciando a Bienal. Aliás, no
ano passado, nós fizemos o registro da Bienal que aconteceria agora em 2003,
que é, sem sombra de dúvida, de fundamental importância para o desenvolvimento
cultural, social da cidade de Porto Alegre.
A
SRA. MARGARETE MORAES: Muito obrigada. Portanto, neste momento,
eu tenho a honra de pedir aos meus pares na Câmara de Vereadores que apóiem
este Projeto que homenageia o Sr. Renato Malcon. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elias Vidal
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, João Antonio Dib; Sras.
Vereadoras, Srs. Vereadores, telespectadores que acompanham esta Sessão, pela
TV Câmara, no canal 16, da NET, em suas residências e em seus estabelecimentos,
eu quero agradecer ao Ver. Cassiá Carpes, Líder da Bancada do PTB, que me cedeu
este espaço de Comunicação de Líder.
Gostaria de também dar o nosso depoimento
da satisfação e alegria pela instalação da Comissão Especial nesta manhã, que
contou com a presença de muitas autoridades e dos Vereadores desta Casa, que já
compõem essa Comissão Especial. Este Vereador tem a honra de ser o Presidente
da Comissão Especial que vai tratar sobre drogas e violência. Quero, também,
parabenizar o Ver. Carlos Alberto Garcia, porque Porto Alegre sai ganhando com
a instalação de duas Comissões Especiais: a Comissão Especial, da qual eu faço
parte, sou integrante da Comissão que vai tratar sobre a exploração e abuso
sexual infantil, e a Comissão que fala sobre drogas e violência, na qual serei
Presidente. O Ver. Ervino Besson também faz parte dessa Comissão, assim como
outros Vereadores: Ver. João Carlos Nedel, Ver. Almerindo Filho, Ver. Dr.
Goulart, Ver. Luiz Braz, Ver. Sebastião Melo, Ver. Wilton Araújo e Ver. Zé
Valdir. O Ver. João Carlos Nedel será o Relator dessa Comissão, e o Ver. Renato
Guimarães, o Vice-Presidente dessa Comissão, a qual vou presidir.
Acredito que Porto Alegre está de
parabéns, porque violência é o que mais assusta todos nós. Impossível um pai,
hoje em dia, não se preocupar com a questão da violência. Hoje pela manhã,
nesta tribuna, diante das autoridades que estiveram aqui, inclusive
representantes do Governo Estadual, representante da Assembléia Legislativa na
pessoa do Deputado Estilac Xavier, e autoridades das Polícias, tanto Civil,
quanto Militar, a forma que encontrei para começar a minha fala e ajudar a
sociedade foi dizer que tenho medo, que tenho dois tipos de medo - confesso aos
senhores. Eu tenho medo de não voltar para casa. Acredito que todos os senhores
também tenham esse medo, dentre outros: o medo de não rever o seu filho, a sua
filha, quando vão para escola ou voltam do colégio, da faculdade - impossível
você não ter medo -, o medo de você não rever a sua esposa, quando sai de casa
e vai para as suas tarefas, suas funções, e pode não voltar. Esse medo eu tenho
e acredito que os senhores e cada cidadão de Porto Alegre, do Estado, também
têm. O outro medo que tenho é de chegar uma hora e eu ter de bater em retirada.
Esse medo eu tenho, porque a violência vem-se configurando, cristalizando-se,
não só em Porto Alegre, no Estado, mas no Brasil, no mundo, porque é uma
pandemia, é como um fogo que vem-se espalhando na grama seca, e essa praga vem dizimando
a sociedade.
Agora, Porto Alegre, então, recebe duas
Comissões: uma que vai falar sobre a exploração sexual, a violência por esse
caminho, e uma Comissão que vai falar da violência como pano de fundo da
questão das drogas, que geram todo esse combustível para a violência. E o medo
que tenho é que Porto Alegre chegue ao patamar insustentável de outros lugares
do Brasil, onde um estado paralelo clandestino e marginal vai-se fortalecendo.
E a pergunta que faço é: o que fazer? Onde vamos parar? Quando vão parar de
morrer pessoas que não têm nada a ver? Pessoas que vão para os seus trabalhos,
que vêm de seus trabalhos e, ao chegarem em casa, ao chegarem na empresa, na
indústria, no seu comércio, ao pegarem o ônibus, de repente, são assassinadas
sem explicação e, muitas vezes, nem roubam nada, porque matar ou roubar não faz
diferença.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador, seu tempo
está esgotado.
O
SR. ELIAS VIDAL: Já vamos concluir, Sr. Presidente. Então,
este Vereador entende que, quanto à questão da violência, todos nós, os 33
Vereadores, acima de questões políticas e partidárias, devemo-nos unir a uma só
mão, para que possamos combatê-la com eficácia em nossa Capital e em nosso
Estado. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Voltamos ao período de
Pauta.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra
para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Zé Valdir está com a
palavra para discutir a Pauta.
Mas eu estou apresentando a esta Casa uma
homenagem, a concessão do Título de Líder Comunitário a uma figura extremamente
importante e popular da nossa Cidade que é o Carlos Henrique Nogueira, o Seu
Nogueira. O Seu Nogueira nasceu em 5 de setembro de 1915, na Rua Boa Vista, no
bairro operário de Alecrim, em Natal, no Rio Grande do Norte. Portanto, ele é
um rio-grandense-do-norte e, desde cedo, órfão, trabalhou como vendedor de
doces e frutas para poder sobreviver. Aos 17 anos, deixou a sua cidade de Natal para ingressar na Marinha, como
aprendiz. E, no Rio de Janeiro, então, ele conviveu com militantes comunistas,
onde iniciou sua formação política entre 1930 e 1939. Por suas atividades
sindicais e políticas, foi deportado para o Estado do Amazonas, participou
ativamente da campanha “O Petróleo é Nosso” e da legalização do Partido
Comunista durante a ditadura Vargas. Tornou-se amigo pessoal e companheiro de
jornada política do líder Luiz Carlos Prestes, que lhe confiou várias missões na
clandestinidade e no processo de redemocratização do País, em 1946. Veio para o
Rio Grande do Sul, trabalhou no setor alfandegário em Porto Alegre e participou
ativamente dos movimentos políticos e comunitários da nossa Cidade. Aqui mesmo
foi preso várias vezes durante a ditadura militar.
Dos depoimentos de Danilo Bonotto, seu
companheiro de prisão e autor do livro intitulado “O Expurgado”, publicado em
1989, retirei um trecho, em que esse seu companheiro retrata a personalidade do
Seu Nogueira. Diz ele: (Lê.) “Dois personagens merecem destaque especial: Jair
Moura Calixto e Henrique Nogueira, duas figuras de valor moral e capacidade de
liderança e calor humano inesgotáveis. O Henrique Nogueira, esse nordestino de
Natal que veio para o Rio Grande do Sul para nunca mais voltar, é um
comunicador nato; com o seu humanismo extraordinário, tem contribuído, no
anonimato, na luta pela libertação dos oprimidos. Esse personagem nos deu
ânimo, coragem e esperança nos momentos mais difíceis no dia-a-dia da prisão”.
Seu Nogueira continua sendo um homem
simples, marxista convicto e metódico; reside hoje na Rua João Alfredo e mantém
constantes diálogos com seus colegas aposentados na Praça da Alfândega. É
possuidor de uma biblioteca marxista importantíssima e uma liderança
comunitária das mais autênticas e combativas, tendo, inclusive, sido uma das
lideranças importantes no movimento comunitário, participou da FRACAB.
Portanto, é esse nome que nós estamos
apresentando para receber essa justa homenagem, porque entendemos que as
homenagens que nós fazemos aqui, e nem poderiam ser diferentes, têm de traduzir
esse amplo espectro, têm de ter matizes os mais diversos para justamente
expressar a pluralidade da nossa sociedade - matizes ideológicos, matizes
sociais e de militância. Por isso, estamos apresentando, Sr. Presidente, o nome
do Sr. Nogueira para receber desta Casa essa justa homenagem de Líder
Comunitário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maristela
Maffei está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver. Darci
Campani está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente e demais Vereadores
presentes a esta Sessão, eu venho aqui, de novo, aproveitando que estamos no
espaço para discussão dos Projetos que estão tramitando nesta Câmara, para
apresentar Projeto de minha autoria, que está em 2ª Sessão de discussão,
designando um dia - já internacionalmente destinado para comemorar o Dia dos
Portadores de Deficiências Auditivas – como Dia Municipal dos Surdos.
Então, estamos aqui apresentando este
Projeto para que, no município de Porto Alegre, também tenhamos esse
reconhecimento. Penso que não podemos deixar de aproveitar este espaço para
registrar que os moradores da cidade de Porto Alegre que deveriam ter acesso às
informações - e esse é o grande problema da comunidade de surdos; eles têm uma
plena participação na nossa sociedade – não o têm devido a uma deficiência
natural ou causada por algum acidente. O que eu estou falando agora, neste
momento, por meio do canal 16, não é passado para essa população, porque nós
não temos um sistema de tradução, nem um sistema de legenda no nosso canal 16
que lhes permita saber que, neste momento, estamos falando nessa comunidade.
E também esse momento é um momento de
combate a uma série de preconceitos que a nossa sociedade tem. Nossa sociedade
é moldada, historicamente, para que o que for dito como normal seja encarado
normalmente, e o que for dito como diferente seja rejeitado por um preconceito
que nos é ensinado desde criança, que a gente vem desenvolvendo, em alguns
casos até aumentando, em outros casos, a gente consegue fazer uma avaliação
crítica. Eu gostaria de demonstrar, aqui nesta Casa, como constantemente nós
somos preconceituosos; especificamente os nossos porto-alegrenses surdos devem
sofrer preconceitos parecidos.
Nós já ouvimos nesta Casa, de ontem para
hoje, que os guardas municipais têm de ser adestrados. Acho que adestramento se
faz para animal e não para uma pessoa, não para um ser humano. Imaginem que eu
vou chegar aqui e dizer que nós temos que ser adestrados para sabermos a
linguagem de sinais. É uma visão completamente diferente do que se faz com o
ser humano. O ser humano recebe conhecimentos, aperfeiçoa-se. Adestramento,
como foi usado aqui, é uma palavra preconceituosa, no sentido de que aquelas
pessoas que vão lá servir de segurança pública da população vão ser adestrados
como se faz com os cães, também para segurança, para farejar, para detectar
drogas. Ali, sim, usa-se a palavra adestrar. Mas para pessoas é um preconceito
muito grande em relação a uma posição social que não é das mais avantajadas, o
serviço de vigilância, e dizer que eles têm que ser adestrados ou que há algum
problema se fizerem balé. Eu vejo que não há problema nenhum, não há problema
de os guardas municipais fazerem curso de artes, cursos de informação, cursos
que lhes dêem acesso a uma série de informações. E o balé é uma forma de
agilidade, para lhes dar mais uma perspectiva de mobilidade no corpo. Se for o
balé, se for a arte, a dança contemporânea. Eu já fiz dança contemporânea, não
há problema nenhum. Não me atingiu em nada na minha condição de ser humano.
Muito antes pelo contrário, só me qualificou, mas vir um Vereador aqui dizer –
faz poucos minutos – que “quem sabe os guardas municipais vão fazer balé?”,
isso é um preconceito muito grande.
Há poucos dias, nós estávamos aqui vendo
um devaneio maior ainda, uma declaração mais acentuada ainda de preconceito. Eu
acho que esse Dia Municipal dos Surdos não será só para discutir a questão,
especificamente, mas acho que é um momento de reflexão sobre todos os
preconceitos que nós temos. Vimos aqui uma declaração lastimável sobre o
encontro que ocorrerá em Florianópolis, o Encontro Nacional de Lésbicas. Quanto
ao pronunciamento que eu presenciei aqui, junto com outros Vereadores, nós
ficamos completamente aterrorizados com o preconceito transmitido, a partir
deste microfone, em relação ao Encontro Nacional de Lésbicas. Então, que esta
data de 26 de setembro sirva para nós refletirmos sobre a importância de
tratarmos a todos como irmãos. Todo o mundo fala em irmão. Tivemos agora a
solenidade dos 70 anos de uma paróquia de nossa Cidade. E se fala tanto em
irmãos, mas muitas vezes alguns não vêem a todos como irmãos, completamente
iguais, simplesmente, porque não são exatamente iguais a nós.
Então, temos que batalhar contra o
preconceito, que o dia 26 de setembro seja não só um dia para discutir a
questão dos surdos, mas também para discutir a questão dos preconceitos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maria Celeste
está com a palavra para discutir a Pauta.
A
SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, inicialmente, gostaria de falar sobre um Projeto que já se encontra
em 4.ª Sessão de discussão, que inclui dispositivo na Resolução nº 1.178, de 16
de julho de 1992, e alterações posteriores no Regimento da Câmara Municipal de
Porto Alegre e que é um Substitutivo ao Projeto de Resolução nº 014/03, ambos
de autoria do Ver. Raul
Carrion.
O
Ver. Raul Carrion fez um Projeto solicitando, em todo dia
anterior à data 1.º de Maio nesta Casa, uma homenagem no período do Grande
Expediente. A seguir, ele deve ter avaliado bem melhor essa questão e propôs um
Substitutivo, dizendo que a data anterior ao 1.º de Maio deveria ser marcada
nesta Casa não apenas por um Grande Expediente, mas por uma Sessão Solene, cuja
autoria não fosse de apenas um Vereador, mas da Mesa Diretora e da Presidência
desta Casa.
O gesto do Ver. Raul Carrion traz um
significado especial para nós, Ver. João Bosco Vaz, porque ele quis marcar e
demarcar, dentro desta Casa, essa questão importante do 1.º de Maio, a questão
do Dia do Trabalhador, que é um dia internacional, não como de autoria ou
co-autoria de apenas um Vereador, mas como uma marca constante em nosso
Regimento, dentre tantas outras Sessões Solenes que temos anualmente aqui,
requeridas por vários Vereadores. Ele quis que isso não ficasse a critério de apenas
um Vereador, porque é uma data internacional, uma data que traz para nós a
lembrança de vários operários que foram mortos num movimento dentro de uma
fábrica, lá em Chicago, nos Estados Unidos, uma data que nos traz à reflexão,
que nos traz a importância dessa manifestação, a importância dos movimentos, a
importância dos trabalhadores para nós.
O
Sr. Renato Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Gostaria de frisar: outro dia um colega nosso fez uma referência
de que havia deturpação ideológica em relação à data, sobre a questão da
disputa do trabalho e do trabalhador. E veio-me a idéia de que nós devíamos
esclarecer para esse Vereador que o dia 1º de Maio nasce de toda uma
mobilização dos trabalhadores, portanto é o dia dos trabalhadores. Foi o mundo
do trabalho que veio disputando ideologicamente e transformando o dia dos
trabalhadores em dia do trabalho, o inverso do que o Vereador falou. Então, o
dia 1º de Maio é o dia dos trabalhadores, não tem nada a ver com o dia do trabalho.
Essa história do dia do trabalho foi, na realidade, o mundo do trabalho que
veio tentando ganhar a data da luta dos trabalhadores.
A
SRA. MARIA CELESTE: Bem lembrado, Ver. Renato Guimarães,
obrigada pela sua contribuição. Eu quero aproveitar esse gancho que o senhor
faz nessa dicotomia do mundo do trabalho e do mundo do trabalhador. Hoje nós
tivemos aqui, aconteceu aqui na nossa Cidade, a Conferência Estadual do
Trabalho, na qual a Câmara, inclusive, foi representada pelo Ver. Luiz Braz,
mas eu estive também presente. Uma iniciativa da nossa Delegada Regional do
Trabalho, a companheira Neuza, e ela traz justamente essa reflexão, as
discussões que foram montadas em todo o Estado do Rio Grande do Sul, em cima da
questão dos trabalhadores. Inclusive, a Mesa desse Seminário estava muito bem
representada e representativa com a presença dos trabalhadores e também com a
presença do setor empregador da mão-de-obra do nosso Estado do Rio Grande do
Sul. Faço esta referência: esteve presente o Ministro Jaques Wagner e o
Secretário do Estado, também do trabalho. Por quê? Por conta da importância do
mundo do trabalho para a nossa Cidade, para o nosso Estado. Várias discussões
estão sendo feitas em nível de Estado. Hoje e amanhã estarão concluindo essa
importante conferência.
Quero, para finalizar, fazer uma
referência à importância dessa data, da importância do mundo do trabalho,
dizendo que no Brasil há um contingente avaliado de 28 milhões, 30 milhões de
pessoas que não possuem emprego, fruto de sucessivos anos de recessão econômica
e adoção por parte dos governos anteriores de um modelo econômico que
privilegia apenas o capital especulativo internacional em detrimento do
desenvolvimento econômico e social. Portanto, esse Projeto traz para Casa uma
reflexão importante, trazendo a Sessão Solene como de responsabilidade de todos
os Vereadores, não apenas da iniciativa de um ou outro, em um ou outro ano.
Muito obrigada, Sr. Presidente.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Obrigado, Ver.ª Maria
Celeste.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir a Pauta.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, está em Pauta Projeto de Resolução, de autoria dos Vereadores
Aldacir Oliboni e Carlos Alberto Garcia, que concede o Troféu Honra ao Mérito à
Livraria do Globo S/A. Entendo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que se trata
de uma iniciativa de grande significado a concessão dessa homenagem, desse
troféu a uma instituição que iniciou há 120 anos, em 1883. Por ela, poderíamos
dizer que passou a história gaúcha e, de resto, a história brasileira, por ali
passaram figuras notáveis da política, da ciência e das artes gaúchas. Em
especial, uma figura que foi, por assim dizer, a grande figura do Presidente
latino-americano, que foi Getúlio Vargas, o qual, às tardes, ia na Livraria do
Globo tomar um cafezinho, enfim, trocar idéias acerca de livros, de obras de
arte recém-chegadas ao mercado livreiro.
Portanto, acho que a Casa vai ter um
momento de grande importância, porque terá oportunidade, na entrega do referido
troféu, Ver. Aldacir Oliboni, de fazer um amplo apanhado sobre a importância da
história que foi, que é a Livraria do Globo, comandada aí pelos Bertazzos - que
são uma família, é uma empresa de família -, que teve ali, naquele espaço, um
verdadeiro monumento: a difusão da cultura. Uma livraria que transcende o papel
econômico da sua atividade para colocar-se como algo difusor da ciência, da
história e da cultura.
Portanto, eu quero cumprimentar V. Exa.,
bem como o Ver. Carlos Alberto Garcia por essa brilhante e adequada homenagem à
Livraria do Globo - que todos nós tivemos, todos temos, oportunidade de
acompanhar. Então, será um grande momento para a Casa poder celebrar, numa
Sessão histórica, a função, o papel, o marco que a Livraria do Globo representa
para as gerações gaúchas, para a literatura gaúcha, para o livro em última
análise, basicamente para o livro. Ali, uma casa construída, criada, pela
família Bertazzo, que, ao longo dos anos, ao longo da história, permitiu que se
fizesse, e continua fazendo, a difusão do pensamento, das idéias, enfim, da
literatura e do comércio livreiro, do Estado e, de resto, do País. Obrigado,
Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Encerrado o período de
Pauta.
Em votação Requerimento n.º 169/03, de
autoria da Ver.ª Maristela Maffei, que solicita autorização para representar
esta Casa nos dias 16, 17 e 18 de setembro, em evento que ocorrerá em Brasília.
Apenas recebe, dentro dos limites, passagem ou então diárias. Pagamento somente
de diárias até o limite da cota. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O
SR. JOÃO BOSCO VAZ (Requerimento): Sr. Presidente, hoje
há uma nota na página 10, do jornalista Barrionuevo... E eu, ontem, em momento
algum, me referi ao senhor com as palavras que estão lá, não concedi entrevista
ao Sr. Barrionuevo. Como sou jornalista, e a mim ele não vai dizer a fonte, eu
gostaria que a Mesa pudesse oficiar e perguntar para ele, se eu disse a ele, se
eu disse a algum repórter do jornal Zero Hora, com quem eu não conversei ontem
também.
Eu tenho mantido divergências com o
senhor aqui, mas jamais teria dito em algum jornal o que está publicado hoje.
Eu gostaria que o senhor tomasse essa providência, se for possível.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Nobre Ver. João Bosco Vaz, a Presidência já tomou a medida que entendeu
necessária. Já constituiu advogado e vai buscar a solução. O advogado há de
perguntar para o jornal Zero Hora; este Presidente não fará isso.
O Presidente tem de defender a sua honra
com a própria vida. E eu não tenho outra solução a dar, lamento profundamente.
O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Nobre Presidente, Srs. Vereadores, o
Ver. Beto Moesch, há pouco, referiu-se a uma Reunião Conjunta que teremos
amanhã, com a presença de várias Comissões, para estudar a lei que permite
cobrança de taxas para uso do solo e do espaço aéreo. É uma reunião muito
importante. Pela amostra que tivemos na primeira reunião, será uma cobrança
elevadíssima, absurda sobre telefones, energia elétrica, televisão a cabo, que
vai reverter, que vai acabar aumentando o custo da energia, do telefone e o
custo das comunicações para os usuários. Eu gostaria de alertar a população
sobre esse novo tributo, sobre essa fúria tributária que estamos na iminência
de receber.
O Ver. Darci Campani falou sobre o
Encontro Nacional de Lésbicas, e eu gostaria de fazer uma rápida referência.
Não há preconceito, Vereador. Se quiserem praticar o lesbianismo, estamos numa
democracia. Não sei se isso é moral ou imoral. Tudo bem! Só que o que eu não
admito é utilizarem recursos públicos para propagandas indevidas, porque não
cumprem as funções de educação, todas aquelas obrigações regimentais e legais
que não são atendidas.
E, mais ainda, está fazendo propaganda de
um evento que vai-se realizar fora do Município, que não tem interesse para o
Município e, sim, somente para Florianópolis. E usar recursos públicos, usar o
logotipo, o brasão da Prefeitura do povo de Porto Alegre, do dinheiro dos
impostos - isso é inconcebível. Não há preconceito. Há um conceito de que não
se pode usar dinheiro público, dinheiro dos impostos nesse tipo de propaganda
fora de Porto Alegre. Houve uma arbitrariedade, um descumprimento à lei, e isso
é o Vereador que tem de fiscalizar, tem de ser o responsável.
Esses dias, o Ver. Renato Guimarães disse
que seria bom irmos às ruas, e eu fui às ruas. Eu fui, por exemplo, a Ipanema,
lá na Rua Gávea, onde a população sofre com alagamentos há 15 anos. Lá, vi o
arroio Capivara totalmente assoreado, cheio de lixo. Essa Rua Gávea sofre com
alagamentos, porque nela se forma uma verdadeira bacia e enche de água,
enchendo as residências de água. Em 60% dessa rua não há bocas-de-lobo; então,
só pode alagar.
Eu vou às ruas e, ontem, estive no Morro
da Cruz. Lá vi problemas de manutenção das ruas, totalmente esquecidas pelo
Poder Público. Está aqui, a travessa a Joana D’Arc. (Mostra foto.) Onde o
esgoto pluvial corre a céu-aberto, ainda é do tempo dos valos lá da minha
querida São Luiz Gonzaga. Os esgotos sanitários são mistos em vários lugares,
liga-se o pluvial ao cloacal e a tubulação é estreita e estoura, ficando
aqueles detritos lá, na rua.
Mas uma coisa boa eu vi e gostaria de
elogiar aqui. Eu reclamei do atraso, longo atraso, da construção da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Judite Macedo de Araújo, que atrasou dois anos.
E agora, em agosto, finalmente, a escola foi inaugurada. Está aqui a escola,
muito bonita e servindo àquela comunidade. (Mostra foto.) É muito bom o
Vereador ir às ruas e verificar como é maltratada esta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, João Antonio Dib; Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, recebi do Sr. Plínio um e-mail, e dou o recado a respeito do 11 de setembro (Lê.): “Não é
fácil rever a cena, mostrada pela TV, dos alemães pondo abaixo o Muro de
Berlim. Quem ainda se lembra? Quantos ainda são capazes de lembrar o seu
significado? De lá para cá, quantas vezes saboreamos o gosto da liberdade, da
paz e da certeza de que, enfim, poderíamos levar nossas vidas sem, pelo menos,
os perigos de uma guerra nuclear? Afinal, não era a dimensão épica da história
humana que ruía com a Cortina de Ferro, dando tempo para que cuidássemos das
feridas abertas no nosso cotidiano e perseguíssemos a felicidade?
"Entretanto, nossos olhos nunca
estiveram tão voltados para o céu, até mesmo da forma como foram flagrados no
11 de setembro de 2001. Hoje sabemos que não esperávamos providência, pois ela
se fora com a Era da Razão. Muito menos a liberdade, a igualdade e a fraternidade,
relativizadas que foram pela Era dos Extremos. Em verdade, desconfiávamos,
desde 1989, que Apolo reapareceria em grande estilo, para sepultar de vez
Dionísio e seu sonho de uma Era de Aquarius.
"A pátria do espetáculo contou três
mil mortos e o deus da ordem debochou da desordem com um simulacro: um punhado
de fanáticos muçulmanos empreendendo um vôo contra os símbolos do poder
econômico, militar e político mundiais. Mas ninguém se perguntou em qual
definição de simulacro Apolo se apoiou para atingir o orgulho de Dionísio: ‘uma
imagem de divindade ou personalidade pagã’? Uma ‘ação simulada para exercício
ou experiência’ ou ainda ‘uma falsificação, uma imitação’?
"O 11 de setembro não foi uma
metáfora. Se ela realmente existiu e assim pôde ser lida, tratou-se de um
subproduto da ação terrorista executada, reciclado, oportunamente, pelo Governo
Republicano de George Bush. Essa confusão entre o que foi, efetivamente, um
simulacro e sua ressignificação em metáfora, faz com que circule por aí, em
publicações marginais e em rodas reservadas, versões fantásticas sobre a
autoria e os objetivos dos atentados, mas que vão ganhando coerência e força.
“Para terminar com isso, bastaria que o
Presidente americano assinasse o Protocolo de Kyoto, ratificasse o Tribunal
Penal Internacional, entregasse a administração do Iraque à ONU, definisse a
situação dos prisioneiros de Guantánamo e readotasse o multilateralismo no
cenário internacional. Não o fazendo, dá tempo para que Apolo reerga seu muro e
faça de Bush o grande irmão de Orwell, que só se justifica pela sempre presente
ameaça de Bin Laden, o onipresente inimigo da nova ordem. Onze de Setembro
nunca mais.”
Mas temos nossas verdades dificultadas
por aqui e que também nos aborrecem, meu caro Ver. Juarez Pinheiro. Tudo se
repete como se a política tivesse um modelo a ser seguido, e dele, desse
modelo, não podemos fugir. Não tanto quanto Fernando Henrique Cardoso, mas,
mais ou menos, trata-se de uma prática parecida.
Quando o Partido dos Trabalhadores chegou
ao poder, em meio ao temor do mundo econômico, do comportamento dos novos
governantes, a expectativa de todos era de que finalmente um novo tipo de
Governo estaria implantado no País. Lula disse que iria tratar o FMI de outro
jeito; quem agiu assim foi o Kirchner, na Argentina, sendo que está-se dando
bem. Nada do que disse está acontecendo.
Agora, gente, o que me preocupa mesmo é
que se dá maior valor às tramóias, às alianças, aos acertos de gabinete, à
vitória do Governo na queda de braço com o Congresso, do que aos benefícios que
trarão ao País e, conseqüentemente, ao seu povo, as Reformas da Previdência e
Tributária.
Colunistas e editores de jornais destacam
a vitória do Governo, mas não dizem onde está a vitória do povo, que é o que
realmente interessa. E eu também tenho culpa disso, da parte que me cobra e que
me serve a imprensa deste País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Maristela
Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sra. Secretária,
companheira Maria Celeste, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e
senhores, hoje nós fizemos uma profunda reflexão, não apenas nesta Casa, mas no
mundo inteiro, do que significa a tão almejada paz. Todos nós, como explanou no
início de sua fala o Ver. Haroldo de Souza, refletimos sobre o 11 de Setembro.
Na fala do Ver. Haroldo, ele citou
algumas pessoas que consideramos temerosas destruidoras da paz universal. Nós
temos hoje uma realidade na nossa Palestina, que faz parte do Universo, uma
crise internacional muito séria. Eu digo isso, porque, se foi triste, e todos
nós choramos pelos mortos há dois anos, nós também temos de lembrar que aquelas
pessoas que tombam na Palestina são seres humanos, são homens, são mulheres que
tombam diariamente, mortos pelo mesmo monstro que construiu alguns terroristas
internacionais. Para contrapor à antiga União Soviética, ele fez um ensaio,
armou-os, instruiu-os, e, há pouco tempo, esses mesmos acabaram se voltando
contra seu pai. Essa pessoa tem nome: é o imperador norte-americano George
Bush.
Quando a gente fala George Bush,
Presidente dos Estados Unidos, não podemos nos referir apenas como se fosse uma
figura, porque atrás dele temos uma fileira e uma orientação de Estado
capitalista, captadora das piores políticas internacionais, destruidora dos
povos africanos, asiáticos e também latino-americanos. A própria política de
sua eleição foi uma política articulada com as indústrias bélicas, que hoje
são, na verdade, os maiores fornecedores de armas do mundo inteiro. Portanto a
guerra é, sim, o resultado de uma intenção, na prática, de uma política
articulada por esse Governo bélico, por esse Governo que aterroriza o mundo e
que, hoje, faz da sua economia interna uma justificativa junto ao Legislativo,
ao Executivo para continuar massacrando os povos, as minorias.
E por que se faz essa reflexão? Porque,
na verdade, passa-se para o mundo, principalmente para o Ocidente, como se só
aqueles filhos que tombam, norte-americanos, ingleses ou aqueles que estão
coirmãos nessa guerra, como se só os pais, as mães, a nacionalidade daqueles
países sofressem por isso, e não se dão conta de que, por trás de todas essas
questões, está a estrutura de um poder maldito que aterroriza o mundo. Então,
quando falamos em Osama bin Laden, quando nós falamos de Saddam Hussein, quando
falamos de outros nomes que norteiam a guerra fria do mundo, temos também que
fazer uma reflexão sobre o que de fato ocasiona isso e o que de fato há atrás
da figura chamada George Bush.
Na avaliação do Partido dos
Trabalhadores, o que crucifica, o que dilacera e o que cristaliza essa
orientação política bélica é exatamente aqueles que sustentam a política do
Presidente dos Estados Unidos que, apesar da sua decadência cultural,
estrutural, mantém o norte da destruição. E não apenas os filhos da Palestina
morrem, mas também os filhos norte-americanos, e com isso a nossa economia, por
tabela, leva também à nossa derrocada. Por quê? Porque, na verdade, a nossa
economia, hoje, também perpassa pela economia da globalização e leva também ao
condicionamento da América Latina. Toda a justificativa que o então Presidente
Fernando Henrique Cardoso trazia, que hoje a responsabilidade também nos traz
com o Presidente Lula, para que possamos nos desamarrar dessa tão perversa
política internacional estabelecida pelo Governo norte-americano.
Isso fica como reflexão para todos nós,
para que não deixemos passar apenas o que os meios de comunicações, por meio da
Rede Globo, principalmente, tentam passar, a imagem de que as guerras possam se
fazer diferenciadas, num olhar, o que a CBN passa como um jogo de vídeo game, como se não ardesse na alma, como
se sangue não jorrasse dos nossos filhos que lá tombam e que também têm, com
certeza, a liberdade para construir e para continuar com a dignidade humana.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não há mais inscritos
para Comunicação de Líder.
Eu solicito a liberação do painel para
que os Srs. Vereadores possam registrar as suas presenças. (Pausa.) Registro a
presença de 12 Vereadores. Não há quórum. Desta forma, encerro a Sessão. O Ver
Zé Valdir registra a sua presença, portanto são 13 Srs. Vereadores, mas a
Sessão já está encerrada, eu não posso fazer mais nada.
Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h22min.)
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